Como não se apaixonar pela honra, coragem, beleza, artes? Como não se apaixonar pelo instinto, força da natureza que sempre nos guiou? Como não se apaixonar pela energia sexual, que nos trouxe a este mundo, verdadeiro Êxtase Divino? Como não se apaixonar pela magia de glamour, de atração?
Um Wanen não invoca os Deuses… Um Wanen seduz os Deuses…
Quando ouvi isso pela primeira vez, me apaixonei pela Wanen, uma Tradição de Bruxaria Germânica.Uma Tradição movida a prazer. E hoje, cerca de 20 anos depois, continuo apaixonado. Quero lhe contar um pouco dessa história de amor, quem sabe você também se apaixone…
É necessário, antes de tudo, explicar o que são os Wanen; Conforme descrito em antigos livros sobre os Mitos Nórdicos chamados de Eddas, havia uma tribo chamada Wanen, nas terras hoje conhecidas como Escandinávia. Essa tribo era liderada por uma Deusa chamada Freyja. Em determinado tempo chegou ao mesmo local, outra tribo chamada Asen, liderada pelo Deus Wotan (Odin). Após tentativas de um convívio pacífico, houve um desentendimento entre as tribos e travou-se uma guerra que se estendeu por um tempo, até que em determinado momento, como nenhum dos lados vencia, foi feito um acordo, no qual as duas tribos se uniram e Wotan se tornou o líder de todos.
Isso é o que consta nos livros e por essa razão não posso dizer que esteja errado. Porém… Sempre achei estranho que Freyja, uma Deusa com um temperamento tão forte, aceitasse o comando de outro Deus sobre Ela e seu povo, mas como estava nos livros… Quem era eu para discordar?
Isso tudo mudou numa tarde em Darmstadt, cidade alemã que fica próxima a Frankfurt, no estado de Hessen. Eu trabalhava em uma companhia aérea alemã, por isso costumava ir com freqüência à Alemanha.Nessa cidade, existe uma grande loja de artigos esotéricos, chamada Schirner (recomendo a visita, é excelente!).Eu estava olhando um jogo de Runas, já que sempre me interessei por Elas, embora ainda não tivesse aprendido mais do que ensinavam alguns livros básicos.Em determinado momento perguntei algo a uma senhora que estava ao lado e daí emendamos uma conversa sobre Runas, Brasil, etc. Ela achou estranho que um brasileiro gostasse de Runas (tinha aquela ideia bem exótica sobre nós). Eu lhe disse que sim, gostava, mas sentia uma atração maior pelo panteão Wanen, do que pelo Asen e não me agradava a idéia de trabalhar com ambos. Foi quando ela me disse que tinha uma amiga em Freiburg, cidade na Floresta Negra, que fazia parte de uma Tradição que somente cultuava o panteão Wanen.
Isso foi uma revelação para mim, pedi a ela que desse o número do telefone de onde eu estava hospedado a essa amiga, para que ela entrasse em contato comigo, pois eu ficaria mais uns dias lá. Claro, como boa alemã, ela não entrou em contato com um estranho assim tão facilmente. Porém, eu tinha guardado o número de telefone dessa senhora que conheci na loja esotérica e a cada vez que eu ia a Alemanha pedia para ela avisar à amiga, até que finalmente deu certo. A amiga aceitou encontrar-se comigo numa Praça em Freiburg, onde conversamos bastante e a partir disso, sempre que eu estava na Alemanha, tentava dar uma escapada para falar com ela. Assim um dia pedi para ser iniciado na Tradição Wanen e ela, depois de consultar as Runas, conforme me disse, aceitou. Não há livros na Tradição e segundo a oralidade dela, durante a guerra entre as tribos, não houve um acordo com Wotan. Alguns Wanen permaneceram com os Asen, porém a maior parte migrou da Escandinávia, para as terras que compõe hoje o sul da Alemanha e arredores. Com o tempo esses Wanen foram desaparecendo, principalmente pelo orgulho que sempre tiveram, pois um Wanen preferia matar-se a ser escravizado quando perdia uma batalha. (Isso pode ser lindo, mas não muito prático quando se está em desvantagem bélica)
Com o tempo, sobreviveram pequenos núcleos que mantiveram os conceitos originais, mesclados com conhecimentos adquiridos no convívio com outros povos no decorrer da história. O quanto houve ou não continuidade até os dias de hoje, é praticamente impossível saber, e na verdade, não importa, pois o importante é o conhecimento em si.
Dentro de nosso Mito de Criação, no começo havia o nada e esse nada se chamava Nerthus. Quando Nerthus toma consciência de Si, torna-se Mardoll. Mardoll era suficiente para Si mesma, pois se amava e se tocava, e era feliz. (aqui vemos, possivelmente, uma interessante alusão à masturbação feita por uma Deusa)
Porém, sua curiosidade a fez criar, com seu hálito, um espelho. Quando viu sua imagem, ficou apaixonada por Si mesma. Nesse momento houve uma separação e Ela se tornou duas, Mardoll de Fogo a que vê a imagem e Mardoll de Gelo, a imagem vista. Traçou então um símbolo sobre seu corpo e sussurrou sobre ele, nesse instante a imagem saiu de dentro do espelho, transformada em Inguz, contraparte masculina de Mardoll. Eles se aproximaram e começaram uma dança em espiral e enquanto dançavam, Mardoll traçou diversos símbolos sobre seu próprio corpo, sussurrou sobre eles e assim que Mardoll e Inguz se encontraram e começaram a fazer amor, desses símbolos nasceram os Espíritos Rúnicos. Os Espíritos dançaram e começaram e se combinar entre si e isso deu início a criação de todos os mundos.
Desde a saída de Inguz do Espelho, outros Deuses foram criados, não como filhos de Mardoll, mas como eventos dentro de sua história.
O que está por trás do espelho, a Sombra de Mardoll, tornou-se a Deusa Ran, Deusa do Mar, das Sombras e do Submundo, onde também é conhecida como Deusa Hell.
A Dança entre Mardoll e Inguz deu origem a Deusa Gultweig, Deusa do Grande Rito, das Riquezas, que destrói a si mesma para renascer (Phoenix)
Quando Mardoll e Inguz se amaram, esse sexo sagrado se tornou Nehallenia, Deusa dos Caminhos, dos Viajantes, do Sexo (onde é representada com chifres).
O Gozo de Inguz se tornou o Deus Freyr, Deus dos Instintos (também com chifres).
A Deusa Gejfion, Deusa da Harmonia, Fertilidade e dos Dragões, surgiu desse momento fecundo.
Enquanto a Phoenix produz as energias da criação, os Dragões fazem com que essas energias circulem pelos veios físicos e estelares, entre mundos e mundos que são criados de matéria pastosa e incandescente. Tudo permeado de combinações rúnicas.
Poderia me estender aqui, contando sobre diversos Deuses e Deusas com seus mitos que surgiram desse momento sagrado, mas essas são histórias para contarmos em volta de outra fogueira.
Afinal, paixão é assim, sempre dá vontade de mais…
Qual a formação de um Bruxo na Wanen?
É interessante colocarmos que existe para nós Wanen uma diferença entre Bruxo e Feiticeiro. O Bruxo, ou Sacerdote, corresponde a parte devocional, já o Feiticeiro diz respeito a parte pratica da magia, não importando a devoção.
A entrada na Tradição acontece do seguinte modo:
Para fazer parte a pessoa deverá ser identificada como Wanen, por linhagem direta nesta vida, ou ter sido Wanen em outra vida. Existem marcas que identificam a pessoa.Essa exigência é somente para quem se tornará Bruxo, já que para os Feiticeiros não há necessidade de ser identificado como Wanen.
O postulante passa pelos seguintes níveis:
- Feiticeiro cujo treinamento corresponde somente as técnicas de magia, num tipo de vassalagem com o Sumo-Sacerdote.
- Iniciante corresponde ao período conhecido como 13 Luas, que são encontros que ocorrem durante 13 luas novas, não necessariamente consecutivas, onde são trabalhados aspectos de autoconhecimento.
- Iniciado ao terminar as 13 Luas e ter passado por alguns testes, a pessoa conhecerá os 9 Mundos míticos da Tradição. Aprenderá, através de projeções astrais, diretamente com as Deidades regentes de cada mundo e será iniciada por Elas.
- Sacerdote Dentro dos 9 Mundos, existe 1 deles que é a Casa de Bruxaria que a pessoa pertence e ao se iniciar em sua Casa será considerado Sacerdote.
- Sumo-Sacerdote, o sacerdote recebe esse título quando completa as 9 iniciações, uma em cada mundo.- Freyja, representa o grau máximo do Sacerdócio, quando a pessoa, termina as 3 iniciações, correspondentes aos 3 Mundos das Nornas, que acontecem após os 9 Mundos. A pessoa é considerada nesse nível como uma Deusa encarnada.
Como assim Casa de Bruxaria?
Imaginem isso como se uma Deusa/Deus de determinado Mundo, dentre os 9, tivesse se tornado sua “Deusa-Madrinha” quando você nasceu, mesclando a Essência Dela com a sua. Então sua Essência vibra com aquela Casa de Bruxaria que a Deusa é regente. Então, essa Casa teria um conjunto de práticas mágicas, filosóficas e culturais voltadas para essa Deidade.
Aprendemos nessa jornada de conhecimento, dentre outras coisas:
- Runas (oracular e magia).
- Galdra (magia sonora Wanen).
- Seidr (técnica Wanen de viagens astral).
- Magia de Gelo (magia de formas, beleza).
- Magia Elemental (ervas cristais, etc.).
- Magia de Destino (magia de nós, cabelo).
- Magia de Fogo (magia sexual, magia de beijo)
- Magia de Portais (magia de fadas, magia draconiana).
- Magia de Glamour (atração, repulsão, sedução, ilusão).
O que mais poderia dizer sobre a Wanen, sem cair numa cartilha, num guia do aprendiz? Bem, talvez lhes contando alguns de nossos conceitos, fique mais clara, não nossa estrutura, mas nossa filosofia.
Esses são alguns dos nossos conceitos:
- A culpa destrói, o prazer alimenta.
- Viver o presente, não ficar preso ao passado, nem ansioso pelo futuro.
- Tudo é possível, os limites são colocados pela sua mente e pela mente coletiva.
- Acessar os diversos níveis e planos de consciência.
- Conectar-se a energia sexual.
- Buscar a androginia como equilíbrio energético.
- Manifestar a beleza como um estado de harmonia.
- Manipular a ilusão e não se tornar vítima dela.
- Tornar-se a própria paixão e não sucumbir a ela.
- Não há o bem e o mal, há mentes em desequilíbrio.
- Estamos em processo de recordação de que Somos Deuses.
O que mais lhes dizer?
Os gatos são animais sagrados para a Wanen, pois além de protetores, guiam o carro de Mardoll. Nós Wanen somos como gatos de Mardoll, somos livres, estamos entre os mundos, protegemos a Tradição e guiamos sua voz neste plano.
É uma história de amor… Você foi seduzido?
Wagner Perico.Sumo-Sacerdote da Tradição Wanen.
Eu fiquei…fui completamente seduzida