Texto de Owen Stelyus
Quando falamos sobre as gárgulas, talvez venha à sua mente a imagem das criaturas grotescas encontradas na catedral parisiense de Notre-Dame. Aquela catedral foi inspiração de histórias que incluíam personagens como Quasímodo, o corcunda, criado pelo romancista francês Victor Hugo.
As gárgulas são criaturas de aparência assustadora e, às vezes, são semelhantes a aves deformadas ou morcegos gigantescos ou, até mesmo, uma mistura de vários seres, formando uma escultura que pode causar arrepios. Estátuas de gárgulas eram construídas para adornar o sistema de drenagem de água de chuva, por exemplo, de castelos e catedrais. Porém, pelo menos de início, isso só acontecia nos edifícios de maior porte ou nas construções pertencentes aos mais abastados, já que se tratava de um tipo de trabalho bastante caro para a época. Como ocorria com outras figuras no interior dos templos, as gárgulas também eram ricamente pintadas e algumas chegavam a receber ornamentos de ouro
Acredita-se que uma das funções das Gárgulas era proteger os locais de influências malignas. De acordo com a tradição oral francesa, o que deu origem à lenda foi a existência de um dragão chamado Gargouilles: ele possuía pescoço longo e reto, focinho esguio, mandíbulas poderosas, sobrancelhas pesadas e asas membranosas. A história conta que ele viveu em uma caverna próxima ao Rio Sena.
Seria sobretudo na época medieval, mais precisamente no período entre os séculos XII e XV, a partir da construção das grandes catedrais góticas, que as gárgulas se popularizaram na Europa Ocidental, principalmente na França e também na Inglaterra, em menor escala, em outros países. À essa altura, as temáticas representadas tinham já recebido influências de outros povos e culturas, como os Celtas e os Normandos, muito embora sob o olhar atento da Igreja de Roma. Os materiais mais comuns para a construção das Gárgulas foram madeira, cerâmica, terracota, calcário e mármore, em momentos diferentes da história. Ainda, são igualmente conhecidos alguns exemplos, relativamente raros, feitos em metal.
Várias lendas sobre Gárgulas já se alastraram pelo mundo. Algumas contam que elas são bestas que escaparam do inferno e só podem ser derrotadas com um crucifixo. Já outras lendas afirmam que a estátua de uma Gárgula pode conter algum espírito maligno que é capaz de possuir uma pessoa, assim como algum demônio, para fazer o mal. Muitas histórias não abordam apenas o lado sombrio das Gárgulas: essas criaturas são repelentes ao mal e conseguem até falar com pessoas, alertando sobre os perigos dos lugares onde elas habitam.
O aspecto assustador das gárgulas teria como finalidade manter à distância dos edifícios (e daquilo que continham) as forças do mal e os seus emissários. Outra ideia, talvez inesperada, é a de que as carrancas não pretendiam assustar, mas seriam sim uma expressão aterrorizada das próprias figuras após terem presenciado algo sinistro.
Na prática mágica atual, é possível contar com a ajuda das Gárgulas para a proteção pessoal, de locais e de posses. É necessário um receptáculo pesado, como uma pedra grande, caso não seja possível adquirir uma estátua. Recomendo que seja feita uma purificação na pedra ou na estátua e, em um ritual, que a estátua/pedra seja banhada em uma infusão de ervas de proteção, bem como untada de óleos de energia semelhante. Há quem defenda que não é necessário “convidar” o espírito de uma gárgula para a estátua/pedra, pois a própria escultura já possui essa egrégora cultural. Todavia, caso prefira fazer o convite, prepare um ritual (com círculo mágico) com um encantamento que convide a gárgula para as funções determinadas (seja bem específico). Ainda, você pode fazer um acordo de oferendas periódicas em troca dos serviços da mesma. Caso vá utilizar uma pedra pesada como receptáculo da Gárgula, recomendo fortemente que, nesse caso, haja sim um convite para que o espírito de uma gárgula ali habite. Pode ser que a Gárgula te ofereça um nome, nesse caso, não o compartilhe com outras pessoas.
Blessed Be!
Owen Stelyus ✩
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