Aspectos da presença dos unicórnios na história, em mitos e na cultura pop

A palavra Unicórnio vem das palavras do latim: “unus”, que significa um e “cornu”, que significa chifre. A origem exata da história do unicórnio é inexata, todavia, há evidências históricas que apontam que sua história surgiu na China e na Indonésia, sendo que até hoje a imagem do unicórinio é muito famoso em tais países.

Provavelmente, a crença nesse animal sagrado surgiu devido a fósseis de Elasmotherium sibiricum. Todavia, as características físicas entre o Elasmotherium sibiricum e o unicórnio que conhecemos são diferentes, se assemelhando mais a um rinoceronte.

O unicórnio pode ter sido citado na literatura pela primeira vez pelo médico grego Ctesias, no ano 400 antes da era comum. Ctesias nunca viu um unicórnio, mas fez seu relato com base nas histórias que escutou durante sua viagem à Pérsia. Segundo Ctesias, o Unicórnio tem o corpo semelhante ao de um cavalo, com pelos

brancos, cabeça vermelha escura, olhos azuis escuros, um corno com a base branca, a ponta vermelha e o meio preto. Ainda segundo ele, seriam muito fortes, de temperamento hostil e que emitem ruídos graves. Ctesias diz também que o chifre do Unicórnio tem poderes medicinais, capaz de curar a epilepsia e deixar uma pessoa imune a venenos.

Apesar do relato de Ctesias, a descrição mais popular do Unicórnio é um pouco diferente. Ele seria na cor branca, com cauda de leão, corpo de cavalo, pernas de antílope, com um chifre em espiral na testa, barba de cabra e olhos azuis. O Unicórnio foi também descrito brevemente por Aristóteles em seu livro “As partes dos

animais”.

Impressionantemente, o unicórnio também é citado em algumas traduções da Bíblia devido à um possível “erro” de tradução.

Apenas a título de curiosidade:

“Deus os tirou do Egito; as suas forças são como as do unicórnio.” Nm 23.22

“Deus o tirou do Egito; as suas forças são como as do unicórnio; consumirá as nações, seus inimigos, e quebrará seus ossos, e com as suas setas os atravessará.” Nm 24.8

“Ele tem a glória do primogênito do seu boi, e as suas pontas são pontas de unicórnio; com elas ferirá os povos juntamente até às extremidades da terra; estes, pois, são os dez milhares de Efraim, e estes são os milhares de Manassés.” Dt 33.17

“Querer-te-á servir o unicórnio ou ficará na tua cavalariça? Ou amarrarás o unicórnio ao rego com uma corda, ou estorroará após ti os vales?”Jó 39.9,10

“Salva-me da boca do leão; sim, ouve-me desde as pontas dos unicórnios.” Sl 22.21

“Ele os faz saltar como a um bezerro; ao Líbano e Siriom, como novos unicórnios.” Sl 29.6

“Mas tu exaltarás o meu poder, como o do unicórnio: serei ungido com óleo fresco.” Sl 92.10

“E os unicórnios descerão com eles, e os bezerros, com os touros; e a sua terra beberá sangue até se fartar, e o seu pó de gordura se encherá.” Is 34.7

A palavra “unicórnio” apareceu na Bíblia quando foi traduzida para o grego (Septuaginta), por volta de 300 antes da era comum, e a palavra hebraica foi substituída pelo termo “monokeros”, que em português equivale a “monochifre”, ou “unicórnio”. Além disso, diversas traduções atuais da Bíblia já retraduziram a palavra para outras que são mais prováveis, como o auroque, uma espécie de boi selvagem caçado pelos povos mesopotâmicos, hoje extinto.

Também há uma constelação que homenageia o Unicórnio. A constelação do unicórnio fica situada sobre o equador.

Apesar de provavelmente ter sido extinto na pré-história, de acordo com a enciclopédia sueca Nordisk familjebok, publicada de 1876 a 1957, e com o cientista Willy Ley, o animal pode ter

sobrevivido o suficiente para ser lembrado em mitos do povo russo como um touro com um único chifre na testa.

Ahmad ibn Fadlan, viajante muçulmano cujos escritos são considerados uma fonte

confiável, diz ter passado por locais onde homens caçavam o animal. Fadlan, inclusive, afirma ter visto potes feitos com chifres do unicórnio. Em 1663, perto de uma caverna na Alemanha, foi encontrado o esqueleto de um animal que, especulava-se, seria um unicórnio. As ossadas encontradas na Alemanha eram possivelmente de Mamute com outros animais, montados por humanos de forma equivocada.

A caveira estava intacta e com um chifre único no meio, preso com firmeza. Cerca de 100 anos depois, uma ossada semelhante foi encontrada perto da mesma caverna. Os dois esqueletos foram

analisados por Gottfried Leibniz, sábio da época, que declarou que (a partir das evidências encontradas) passara a acreditar na existência de unicórnios.

As presas de capturados nas águas do Ártico circulavam por toda a Europa medieval como prova da existência de unicórnios. Tais presas seriam dotadas de poderes mágicos e curativos.

Hoje, o unicórnio é símbolo da pureza, esperança, amor, majestade, poder, honestidade e liberdade. Segundo a mitologia, esse ser selvagem e indomesticável somente se curvava às virgens inocentes e puras; deitava-se sobre o colo delas e adormecia, deixando-o indefeso aos caçadores.

Notável por sua anatomia e habilidade, a verdadeira força do Unicórnio estava

em seu chifre e a crença popular lhe atribui poderes mágicos de cura. Eles habitam jardins secretos e se escondem onde não há perigo.

Na época medieval, o chifre pulverizado era usado para curar picadas ou mordidas

venenosas, ataques de vermes, perda de memória e muitas outras moléstias. Tão arraigada era a crença no poder mágico do Unicórnio, que o chifre pulverizado continuou a ser utilizado por farmacêuticos até o século 17.

Dizia-se que o chifre cobria-se de suor quando colocado junto de alimentos envenenados, sendo usado para detectar veneno nas cerimônias das cortes europeias até 1789. Também segundo reza a lenda, o chifre possui incríveis poderes mágicos e um cálice feito do chifre propiciava proteção a quem

bebesse nele.

Há lendas que dizem que o chifre era um talismã de poder soberano, mas sua força e virtude só podiam ser ativadas através de outro unicórnio. No chifre residia a história total do Unicórnio e também era recipiente de seus pensamentos. Em horas de perigo ou de concentração prolongada, o chifre podia exalar certo brilho ou um esplendor suave, porém sua luz diminuía até se extinguir quando nas mãos de outros. Outras histórias dizem que, para a proteção do unicórnio não podemos ver o seu chifre, por isso ele pode ser confundido com um simples

cavalo.

Como símbolo extraordinário de excelência, diz a lenda que o primeiro Unicórnio chegou na Terra embrulhado em uma nuvem. Desceu com suavidade dos céus aos campos da Terra. Dotado de um chifre de luz em espiral, com seu chifre penetrou uma pedra e fez brotar a fonte da vida. A Terra começou a ser fecundada e grandes árvores floresceram; abaixo em suas sombras foram povoadas com bestas selvagens. Deste modo se formou o Jardim do Unicórnio chamado de Shamagim, que quer dizer “Lugar onde há água”.

O unicórnio é associado a todos os inocentes, ingênuos e puros em seus sentimentos, por isso, o mito relata que a única pessoa capaz de domar um unicórnio era uma donzela

pura. Todavia, este mito me parece ser dotado de um moralismo arcaico e prefiro fazer a relação à face donzela da Deusa e sua relação com os campos não semeados e a relação do mito do Unicórnio e seu jardim inexplorado pela ambição humana.

Através da sua intemperança e incapacidade de se dominar, diante das donzelas, o Unicórnio esquece a sua ferocidade e selvajaria. Ele põe à parte a desconfiança, aproxima-se da donzela e

adormece em seu colo. Assim se torna vulnerável aos caçadores.

Unicórnios são ligados à magia, encantamento e o reino das fadas. É dito que unicórnios vivem em florestas ou bosques de árvores de maçã. A maçã é um símbolo de Avalon, o Outro Mundo Celta. Essa talvez seja uma ilustração à capacidade do unicórnio para se deslocar

entre os mundos.

Eles podem ser considerados opostos complementares aos Dragões e trazem em sua energia a cura natural, um dom que acompanha seu nascimento e desenvolvimento com os anos.

Pensando nos animais existentes em nosso mundo hoje, podemos dizer com clareza que os poucos animais que ainda habitam o nosso plano, estão sofrendo pela forma desumana que as pessoas se tratam. Segundo a mitologia ódio, raiva, vingança, desprezo, ambição desmedida, desigualdade e afins, são fatores que ferem os unicórnios e fazem com que eles se afastem da humanidade.

Dotados de amor pleno, não conhecendo sentimentos destrutivos como remorso e

vingança, os unicórnios são capazes de curar muitas vezes a própria mão que os fere, sendo capazes de acreditar que existe um bem maior, dentro do coração de cada ser vivente, sendo capazes de se sacrificar por suas ideias e pontos de vista, doando sua vida em troca daqueles que eles acreditem serem dignos e

merecedores da vitalidade de seu sacrifício.

Sua crina e seu rabo são feitos de prata, que fazem com que esse animal além de ser filho consagrado de Luna, tenha os fios cobiçados pelas Amazonas, que os usam para armar os arcos.

Modernamente, na obra de J. K. Rowling, a série Harry Potter, o sangue do unicórnio era necessário para Voldemort manter-se vivo, porém o ato de matar uma criatura tão pura para beber-lhe o sangue dava ao praticante de tal ação apenas uma semi-vida – uma vida amaldiçoada. No livro diz-se que o unicórnio bebê é dourado, adolescente prateado e adulto branco-puro. Também é interessante

observar, ainda na obra de Rowling, que a varinha do personagem Ronald Weasley possui o núcleo de pêlo de unicórnio.

Algo interessante sobre o unicórnio é que não existe, verdadeiramente, uma  mitológica única dos unicórnios.

Os unicórnios não são descritos nas diversas mitologias lutando contra monstros ou ao lado de cavaleiros. Todavia, esta criatura mágica é uma das mais conhecidas e que ganhou espaço na mente de pessoas das diversas partes do mundo até hoje.

Magicamente, entre diversas outras possibilidades, acredito ser uma boa ideia trabalhar com unicórnios em magia de cura,  proteção pessoal e de crianças, fortalecimento da magia pessoal, purificação, ocultação etc. Também, no autoconhecimento, os unicórnios podem nos auxiliar a conhecer e cuidar de nossos sentimentos que geralmente mantemos inexplorados.

Blessed Be

Owen Stelyus 🌟

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Iniciado da Tradição Caminhos das Sombras

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