Ontem eu estava assistindo a um documentário sobre a Múmia de Tutankhamon e um comentário do narrador me fez pensar. Ele disse que o fato de que o túmulo de Tutankhamon foi perturbado fez com que ele obtivesse o que o mais poderia desejar, segundo a crença dos antigos Egípcios, a imortalidade.
Os Antigos Egípcios acreditavam que enquanto alguém se lembrasse de seu nome, seu Ká, sua personalidade, não morreria. Em alguns túmulos existem inclusive apelos, supostamente feitos pelo morto, para que seu nome seja recitado, o que garantiria, segundo as crenças deles, que você continuaria vivendo no outro mundo. Eles acreditavam que o esquecimento fazia com que seu Ká, o resíduo de tudo o que você foi em uma vida, fosse pouco a pouco se apagando, até deixar de existir para sempre.
Muita gente não sabe que Tutankhamon reinou por apenas 9 anos, dos 9 anos 18 anos de idade. Não foi um longo reinado, nem um reinado particularmente produtivo, rico ou importante. Mas enquanto reinou, Tutankhamon prestou um enorme serviço aos Deuses egípcios.
Vejam bem, seu antecessor foi Amon-hotep IV, o faraó que passou a ser conhecido por Akhenaton, o único faráo da história egípcia a tentar impor o culto a um Deus único, Aton, que seria cultuado única exclusivamente através da família real. Akhenaton baniu o culto aos demais Deuses e construiu até mesmo uma nova capital, totalmente dedicada a Aton, representado pelo disco solar.
Depois da morte de Akhenaton, Tutankhamon trouxe de volta o culto aos demais Deuses e restaurou as tradições que seu pai havia tentado destruir. E a grandiosa capital de Akhenaton, dedicada a seu Deus único, foi deixada para ser coberta pela areia e esquecida.
Enquanto isso, a múmia do jovem rei foi descoberta em uma época que garantiu que seu nome, sua vida e sua existência estejam para sempre gravadas na memória da humanidade.
Os Deuses deram a Tutankhamon aquilo que ele mais desejava, segundo suas crenças: a imortalidade. Gosto de pensar que isso foi um presente, uma dádiva por ele ter trazido de volta o culto a todos os Deuses.
Gosto de pensar que os Deuses estão lá, observando o serviço que prestamos a eles e que gostam do que fazemos.
Dianne Sylvan termina as preces que colocou em seu livro The Circle Within com a seguinte frase: I am, as always, in your service. Eu estou, como sempre, a seu serviço.
Gostei tanto dessa frase que passei a adotar, com uma pequena modificação. E passei a colocar em todas as minhas preces a frase: Eu estou, hoje e sempre, a seu serviço.
Espero que meu serviço aos Deuses seja satisfatório e pretendo me esforçar a cada dia para prestar um serviço ainda melhor.
Naelyan