Sacerdócio

Esses dias eu tenho pensado muito sobre o serviço aos Deuses, no meu caso às minhas Deusas. Eu sou uma Sacerdotisa consagrada a Aset e sou também Aset Shemsut em Kemet.

Engraçado que a o nome da FOI em egípcio é Aset Shemsu.

Os votos de Shemsu na KO significam que você promete servir a seus pais divinos, no meu caso, Aset, e a adorá-los em primeiro lugar em sua vida.

Eu já havia prometido servir à Deusa com o máximo de minhas habilidades em meu juramento de iniciação, anos atrás. Em 2006 consagrei meu sacerdócio a Isis na FOI, depois reforcei esses votos na KO.

E então me vejo cheia de perguntas:

O que ela espera de mim?

Ela queria que eu fizesse esses votos, porque?

Como devo servi-la da melhor forma?

Ela está satisfeita com o que tenho feito até agora?

Três pessoas já me procuraram para serem consagradas como sacerdotisas dela. É isso então o que ela deseja, que eu conduza outras pelos caminhos que percorri e que me aproximaram dela cada vez mais?

Ontem, arrumando meu altar, percebi o quanto eu gosto de pensar e bolar coisas para honrá-la.

Sinto que ela, como muitas outras divindades, sente falta de seus templos, seus sacerdotes dedicados, suas oferendas. As divindades querem que seu ka seja alimentado, nutrido, pelo amor de seus devotos.

Em uma meditação há algum tempo atrás fomos convidados a rever nossa vida sacerdotal, o que fizemos com ela ao longo dos meses, dos anos. Revendo minha própria vida sacerdotal, não foi sem surpresa que percebi que estou satisfeita com ela. Meu sacerdócio está sempre mudando, sempre em movimento. Nunca fiquei mais de um ano com um altar sem mudar algo nele e isso se reflete em minha vida sacerdotal, ou talvez, minha mutabilidade sacerdotal se reflita em meu altar. Estou sempre aprendendo coisas novas e buscando novos aprendizados. Nunca me permiti estagnar ou amolecer em meu sacerdócio. E isso é muito, muito bom. Sei que muito pouca gente tem disposição para oferecer tanto de seu tempo e esforço à sua vida religiosa e já passei da fase de esperar isso das pessoas.

Outro dia, conversando com uma amiga bruxa das antigas, fiquei lembrando de algumas pessoas que vieram e partiram, que não quiseram ou não puderam ficar. Pessoas que foram apenas promessas, pessoas que trouxeram problemas, pessoas que me fizeram ver que o sacerdócio não é mesmo para todo mundo, aliás, não é sequer para a maior parte das pessoas. O sacerdócio é para uma minoria disposta a se devotar a algo maior e a se entregar a essa devoção.

E o sacerdócio a uma divindade exige ainda mais responsabilidade.

Mas a líder da KO está certa, os Deuses precisam daqueles que servem apenas a si mesmos, precisam daqueles que servem aos Deuses e precisam daqueles dispostos a servir à comunidade em nome deles. E cada um deve servir aos Deuses da forma que sabe, quer e pode. E da forma que seu coração pede.

Meu coração pede que eu sirva Aset, de maneiras cada vez melhores, por todos os dias de minha vida. Que assim seja, então.

Gloriosa Aset, eu estou, hoje e sempre, a seu serviço.


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Naelyan Wyvern é a fundadora e Alta Sacerdotisa da Tradição Caminhos das Sombras.