A Deusa do Dia

Há muitos anos atrás eu entreguei minha vida aos Deuses quando fiz meus votos de sacerdotisa. E desde então eu venho trabalhando sempre e me esforçando para ser uma sacerdotisa cada vez melhor. Além dos estudos em várias áreas para que eu tivesse conhecimento para treinar as pessoas que a Deusa coloca me traz, eu venho sempre buscando maneiras de melhorar meu relacionamento com meus Deuses.

Sacerdócio é também um relacionamento com a divindade. E um relacionamento só dá certo se ambas as partes de esforçam para tal. Creio que os Deuses cumprem bem a parte deles, afinal eles nos atendem na maioria das coisas e quando não nos atendem, nós logo percebemos que foi melhor assim.

Mas e a nossa parte? Qual é a nossa parte neste relacionamento?

Os antigos egípcios e os modernos keméticos possuem um conceito que eu acho muito interessante: o conceito do Ka.

Em uma pessoa o Ka é sua força vital, é aquilo que garante que seu espírito, seu Ba, permaneça ligado ao seu corpo físico. Seu Ka é também quem você é nesta vida, sua personalidade, suas emoções, seu eu mental e emocional. É a roupagem que seu espírito escolheu assumir nesta existência.

Após a morte do corpo físico, as experiências vividas pelo Ka se integram ao Ba e a força vital que te alimentava é devolvida ao pool que vai alimentar as novas almas que nascem.

O Ba, o espírito ou essência foi moldado em algum momento e, mais uma vez segundo os antigos Egípcios, cada pessoa foi moldada por uma determinada divindade, segundo alguns critérios que definem a essência da pessoa.

Os Deuses também possuem Ba e Ka. O Ba dos Deuses é a essência da criadora, a essência da vida, mas o Ka de cada Deusa ou Deus é aquilo que os diferencia de todos os demais, é a força vital, a individualidade de cada Deusa ou Deus.

Quando as grandes religiões monoteístas assumiram o controle, elas se esforçaram muito para suprimir o culto a qualquer outra divindade, isso porque seus Deuses ciumentos sabem muito bem que a força de uma divindade vem de seus adoradores. Quando uma divindade não é mais cultuada seu Ka enfraquece, perde o brilho e ela pouco a pouco vai se afastando do plano físico até que chega um ponto em que ela não poderá mais ser acessada e sua individualidade se perde.

Então, parte de nossa responsabilidade no relacionamento com nossas divindades é ajudar a manter seu Ka forte e poderoso. E como fazemos isso? Primeiro, lembrando. Ao lembrar da divindade, você fortalece seu Ka, ao conversar com ela, ao oferecer a ela seu amor e devoção você fortalece seu Ka. E você alimenta o Ka de uma divindade através de oferendas.

Tudo no mundo possui uma energia própria. Quando você acende uma vela, ela consome a cera para gerar calor e luz. E para onde vai a energia deste calor e desta luz? Se você não atribui à vela uma tarefa, ela será dissipada no ambiente, irá compor o gigantesco pool de energia universal ao qual temos acesso. Mas se você, por exemplo, oferecer esta vela a uma divindade, sua energia irá alimentar o Ka da divindade, junto com a energia de sua intenção, de seu amor e devoção.

Pensando em tudo isso eu bolei o conceito de Deusa/Deus do Dia. O que é isso? A idéia é escolher um dia por semana para oferecer a sua Deusa ou Deus de devoção. E determinar que tudo o que você fizer neste dia será uma oferenda àquela divindade. Toda a comida e bebida que você consumir serão oferendas a seus Deuses. E lembrar-se de acender velas e incensos para sua Deusa ou Deus, enfeitar seu altar, fazer saudações e preces. Aquele dia pertence àquela Deusa ou Deus.

Vou dar um exemplo, eu dividi minha semana entre minhas principais Deusas de devoção, assim:

Segunda – dia de Isis

Terça – dia de Tiamat

Quarta – dia de Ma’at

Quinta – dia de Ran

Sexta – dia de Yemanjá

Sábado – dia de Hécate

Domingo – dia de Anúbis

É claro que não é necessário usar cada dia da semana como eu fiz, mas que tal escolher pelo menos um dia para oferecer à sua Deusa ou Deus?

Aqueles que quiserem fazer isso partilhem aqui suas experiências. que dia vocês escolheram para honrar suas divindades? E como está sendo este processo?

Beijos,

Naelyan