Você conhece a Cuca? Descubra mais sobre essa criatura do folclore brasileiro

A Cuca

Por Otávio Azevedo* (Próspero Régulus)

“Nana, neném
Que a Cuca vem pegar
Papai foi na roça
Mamãe foi passear.”

(Canção de ninar popular, domínio público).

Toda criança brasileira em algum momento de sua infância deve ter ouvido falar na Cuca. Mencionada nas canções de ninar de nossa língua e celebrizada como principal personagem antagônico da série infantil “O Sítio do Pica Pau Amarelo”, sua descrição foi mencionada inicialmente na obra literária de Monteiro Lobato “O Saci”, de 1921. Mas popularizou-se ainda mais entre as crianças brasileiras na adaptação do Sítio do Pica Pau Amarelo, exibida por um dos canais de TV aberta mais assistidos no país desde o final da década de setenta (1970), e que teve enorme repercussão positiva de audiência por várias décadas. Sendo inclusive, e posteriormente, também transformada em desenho animado já nos anos 2000. 

Mostrada como um enorme jacaré, com uma vasta cabeleira, com garras de gavião, ela morava em uma caverna na floresta, comandava outros seres mágicos como o Saci, e utilizava seu caldeirão mágico para fazer poções e feitiços além de ver o que se passava no mundo através desse objeto mágico. Ela também possuía uma audição apurada, dormia apenas uma noite a cada sete anos e não gostava de ver o seu próprio reflexo no espelho. Uma Cuca já nascia velha, filha de uma Cuca anterior, eclodia de um ovo chocado durante mil anos, por répteis e anfíbios, sendo que a partir de então a Cuca mãe se transformava em pássaro noturno, de canto triste, e a nova Cuca passava a assumir seu papel, fazendo maldades piores do que a anterior. Ora essa personagem causava temor, ora se mostrava cômica. Mas no final sempre se assustava com a sua estridente gargalhada de deboche.

Mas quem é a Cuca de verdade? Segundo Câmara Cascudo: 

a Cuca é um mito de origem portuguesa relacionada à Santa Coca, figura que aparecia nas procissões da província do Minho, em Portugal. Também no Minho, “cuca” é o nome popular de uma espécie de abóbora que se costumava perfurar com contornos de olhos e boca, e dentro da qual era colocada uma vela acesa (de forma semelhante ao que se faz no Halloween americano). Outra origem possível seria o “Farricoco”, personagem que acompanhava a procissão de Passos, no Algarves, também em Portugal”.

Câmara Cascudo, Luís. Geografia dos Mitos Brasileiros. Rio de Janeiro, José Olýmpio Editora. 1947.

A Cuca é uma das principais personagens do folclore brasileiro. Vista como uma espécie de “bicho papão”, é considerada uma bruxa que pode assumir diversas formas, geralmente é representada como uma velha de pele muito enrugada, seca e craquelada, vestida de preto, com capuz e cajado, ou como uma feiticeira com cabeça de jacaré. Sua principal maldade é raptar crianças fujonas, malcriadas ou que não obedecem a seus pais, para com elas fazer seus feitiços, devorá-las ou simplesmente se divertir, fazendo suas malvadezas.

Marcelo de Lima Lessa, em seu livro infanto-juvenil “A Cuca: Contos do Folclore Sombrio” (2019) descreve-a como uma feiticeira velha e perversa, com dentes podres e fala complicada. Um terror da noite, por assim dizer, capaz de entrar nos sonhos e mentes das pessoas, principalmente das crianças.  Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, em seu “O Novo dicionário da língua portuguesa”  traz “cuca” com o significado de bicho-papão, coco, papa-gente, tutu, bituboitatápapa-figo.

Em 29 de novembro de 2013, na série norte-americana “Grimm”, a personagem wesen “El Cucuy”, surge como uma espécie de “heroína” que destrói todas as ameaças aos hispânicos de uma comunidade latina em Portland. No enredo, uma delicada velhinha de setenta e sete anos, se transforma em um assustador monstro, com garras afiadas, olhos esbugalhados amarelos, um hálito fétido e que destroça qualquer um que venha ameaçar as mulheres e crianças da comunidade. Na história El Cucuy é de perto de seu estado de torpor humano através do clamor por justiça emitido durante à noite pelos oprimidos.

Já em 1518, em sua obra “Auto da Barca do Purgatório”, Gil Vicente relaciona a Coca com o próprio Diabo ou com a sua mãe:

 “Vai-te coca vai-te coca

Para cima do telhado

Deixa dormir o menino

Um soninho descansado.”

Em 1 de janeiro de 1799, Goya (Francisco José de Goya y Lucientes, nascido em Fuendetodos, 30 de março de 1746, na Espanha,  — falecido em Bordéus, 16 de abril de 1828, França), pintou uma de sua mais conhecidas telas: “Que viene El Coco”. Onde mostra a figura do Coco como um fantasma sombrio, vestido de preto e capuz, assustando uma mãe e seus dois filhos.

No início do ano de 1924, a pintora brasileira Tarsila do Amaral, executou a tela “A Cuca”. Em sua descrição para sua filha ela dizia: “Estou fazendo uns quadros ‘bem brasileiros’, um ‘bicho esquisito, no meio do mato, com um sapo, um tatu e um bicho inventado’. Nessa obra Tarsila utilizou cores alegres, numa referência ao imaginário infantil, e seu tema foi justamente a Cuca, que ela conhecia tão bem através das canções de ninar que ouvira em sua infância. Esse quadro é considerado o grande prenúncio da Antropofagia na obra da pintora. Assim como a Cuca que devora crianças, o Movimento Antropofágico propunha basicamente ‘devorar’ a cultura e as técnicas importadas e provocar a sua reelaboração, transformando o produto importado em exportável. A Cuca podia muito bem ser a personagem inspiradora do próprio movimento: um ser do folclore europeu, trazido ao Brasil colônia, aqui recebido influências africanas e nativas e depois reapresentado aos europeus como um ser cultural da mítica folclórica nacional.

No entanto, a história e a figura da Cuca é muito mais antiga e seu campo de abrangência mítico é muito mais vasto do que podemos imaginar. A tradição da origem de sua crença está na figura da “Coca”, e também em sua contraparte masculina “O Coco”, visto em alguns mitos como seu companheiro ou até mesmo filho. Segundo essa tradição, que foi trazida a toda a América Latina, e não só ao Brasil, durante o período da colonização, esse ser mítico já existia desde o tempo dos romanos, tendo relatos comprovados de sua crença desde a Idade Média.

Cuca

Na Península Ibérica a Coca, e o Coco, não possuem uma aparência definida, apresentam-se de acordo com o medo que cada indivíduo possui, sendo capazes de manifestar esse medo de forma externa à mente de cada pessoa. Mesmo não tendo um consenso sobre a sua aparência, tradicionalmente, este ser tinha uma representação figurada: a utilização de um fruto semelhante a uma abóbora ou cabaça, dentro da qual saía luz (ou fogo). A lanterna da Coca podia ser feita com uma panela, vaso, ou fruto oco em que se faziam três ou quatro buracos, representando seus olhos, nariz e boca. A função dessa “lanterna mágica” era assustar principalmente crianças, durante a noite, mas também viajantes vivos e não vivos, elfos e outros seres da noite que viessem atormentar um determinado local. Essa prática era muito comum em determinadas datas, como a noite dos maios (dia dos ancestrais que ocorria no mês de maio), ou no dia de Todos os santos, que hoje chamamos de dia de finados ou dia dos mortos em outros locais da América Latina.

Essa celebração onde se coloca uma lanterna feita à partir de um fruto em forma de coco com luz em seu interior muito se assemelha com a tradição norte-americana do Jack O’Lantern – personagem do folclore europeu dos países de língua inglesa – a representação da Coca também se faz com uma abóbora iluminada internamente com velas e faz parte atualmente do patrimônio imaterial galego-português.

A Coca é um ser feminino, a sua contraparte masculina é o Coco. Como nenhum dos dois apresentava uma aparência específica, ambos acabaram por serem aspectos do mesmo ser, confundindo-se um com o outro na sua representação e no seu papel de assustar crianças travessas, guardar lugares de intrusos indesejados e colocar ordem onde determinadas populações possam estar sendo oprimidas ou sofrendo injustiças (esse aspecto é bem visível no El Cucuy, da América espanhola, inclusive em comunidades latinas nos Estados Unidos).

Em Portugal, especificamente no Minho, e na região da Galiza, o termo “coco” é utilizado para designar a “cabeça humana”, sendo o “cocuruto” o topo da cabeça. Coco também significa “crânio”; em basco se utiliza o termo “gogo” para espírito e na Galiza “crouca” também para designar cabeça. De modo em geral, o termo “croco”, de cabeça, também é prefixo para o termo “crocodilo”, já que esses répteis expõe apenas o topo de suas cabeças quando se encontram misteriosamente submersos, esperando suas vítimas se aproximarem para poder atacar. Outros termos como “croca”, “krowkã” (proto-celta”, “crogen” do bretão crânio e “clocan” do irlandês, todos significando cabeça ou crânio/caveira.

Outra lenda associada à Cuca é a da ‘terra dos mortos’. A Terra dos Mortos – terra dos encantados, das fadas, da gente pequena – é uma terra mítica que aparece nas tradições de várias culturas ao redor do mundo antigo. A mais antiga menção a esse lugar relacionada à Península Ibérica está registrada no Lebor Gabála Érenn.  Nas antigas lendas de Portugal e Espanha se fala em uma terra encantada, chamada de Mourama, esta é a terra onde mora um povo encantado, mágico, a quem chamam de “mouros” (do celta Mrvos). Localizada debaixo de Portugal e Galiza. A tradição galega diz que existem dois povos que se misturam e se sobrepõem: um vive na superfície, e são os galegos. O outro vive no subsolo, e são os mouros. A Mourama é o outro mundo, o mundo dos mortos e das fadas, de onde tudo veio e tudo volta. Quem governa Mourama é o rei Mouro, e sua filha é a princesa Moura, que tem o dom de mudar de forma, se transformando em cobra, de onde é chamada de bicha Moura, podendo se transformar também em dragão. A Bicha Moura pode ser outro aspecto da Cuca, ou o Mourama pode ser o local mítico de onde ela provém.

Curiosamente, por suas características étnicas – terem pele escura, possuírem uma língua “diferente” da portuguesa, suas habilidades artísticas, etc.- os árabes que “invadiram” a Península Ibérica, acabaram sendo denominados de mouros. Quando chegaram ao Brasil, os portugueses também associaram as comunidades indígenas de “mouros”, morenos, e vislumbraram nossas nativas como ninfas, fadas e seres fantásticos que povoavam o imaginário dos ibéricos.

Curiosamente, no interior do nordeste existe um termo arcaico muito utilizado para designar uma “bruxa velha e enrugada” que é o “Cruca”. Seria esse termo uma reminiscência da crença Galaico-lusitana para a palavra “Crouga” (do proto-celta “Krowkã), nome pelo qual era designado uma antiga divindade draconiana a quem eram oferecidos frutos e frutas com formato de cabeças esculpidas? Não podemos afirmar com certeza, mas sabemos que os celtas, e consequentemente, os celtibéricos que habitaram a Península Ibérica na Idade do Ferro, tinham verdadeira adoração por cabeças. Isso faria da Cuca um ser mítico muito mais antigo do que podemos imaginar. O coco era também o nome do fruto de uma espécie de carvalho, e que depois passou a ser utilizado para designar o fruto do coqueiro (Cocos nucifera), que depois de retirada sua camada fibrosa que recobre o fruto central, deixa a imagem de uma “face” que lembram dois olhos e uma boca.

Voltando aos mitos, acreditava-se que a Coca ficava vigiando nos topos dos telhados as crianças quem eram mal comportadas, podendo também tomar a forma de qualquer sombra escura para ficar de guarda, à espreita para executarem seu castigo. Tanto o Coco quando a Coca representavam o oposto do anjo da guarda, sua existência seria para punir os infratores de uma comunidade, e muitas vezes eram comparados ao Diabo. Havia também a crença de que o Coco, e a Coca, eram uma representação dos ancestrais da comunidade local.

Paralelo ao culto às cabeças que se relaciona à figura da Coca e do Coco, também se faziam referências a seres reptilianos em toda a Península Ibérica. No Norte de Portugal, a Coca era representada como a figura de um dragão fêmea, coberto por escamas. Era chamada de Santa Coca (alusão a uma santa Irlandesa), na Vila da Monção, onde também era chamada de “Coca Rabicha”, podendo inclusive ser representada no catolicismo popular ibérico pelo dragão de São Jorge, ou ainda pelo dragão/crocodilo/jacaré, presente na iconografia de diversas santas católicas: Nossa Senhora da Penha, Santa Marta, etc.

Nas celebrações de Corpus Christi, era comum se fazer um torneio onde um cavaleiro e um boneco representando a Coca Dragão lutavam, e o vencedor determinava como seria o ano agrícola daquela comunidade: se o cavaleiro vencesse, seria um ano de fartas colheitas; caso a Coca vencesse, assustando o cavalo que servia de montaria para o cavaleiro, seria um ano de escassez.

Na Catalunha a “Cuca” ou “Cucafera”, era uma figura zoomorfa com um corpo de tartaruga, chifres, cabeça de dragão, garras afiadas e espinhos pontiagudos ao longo da coluna. A lenda conta que ela tinha que comer três gatos e três crianças todas as noites.

Na região da Galiza há ainda duas versões para a Coca ou Cuca: em Betanzos e Redondela, onde se celebra o dia da Coca em Corpus Christi, dizia-se que o dragão havia chegado por mar e a partir de então passou a devorar as moças da Vila, e por isso acabou sendo morta em combate com os rapazes do lugar. Em outros mitos ela não foi morta, mas expulsa para os rios Minho e Vigo. Em algumas partes da Ibéria, a Coca era representada também por uma enorme serpente que habitava cavernas e charcos próximos às vilas e cidades,

Como elemento do vestuário a Coca designava um manto negro que cobria o rosto, e curiosamente também designava o vestido de noiva preto, com capuz e cinto, que era bastante utilizado ainda no começo do século XX. O manto preto com capuz também era utilizado nas celebrações da Semana Santa e em ritos fúnebres, principalmente pelos parentes do morto.

Durante a “procissão dos Passos”, na Semana Santa, um homem que vinha à frente do cortejo, um arauto, vestia a coca, que era justamente esse manto negro com uma capa e um capuz, que tinha três buracos correspondentes aos olhos e boca, cobrindo sua face. Era ele quem liderava a procissão e anunciava a morte de Cristo, era chamado quer de coca, Farricoco, (farricunco, farricoco do Latim far, farris e coco) ou morte. Dava-se o nome de coca tanto a capa quanto ao homem que a vestia,

Outro interessante ritual ligado à Coca começou a ser oficialmente celebrado a partir de 1498, por permissão do rei  Dom Manuel I, a partir daquela data em diante os irmãos da Misericórdia, todos os anos, no Dia de Todos os Santos, deveriam recolher os ossos e os restos mortais, deixados no cadafalso, daqueles que haviam sido condenados à morte, para lhes dar uma sepultura. Durante o que se passou a chamar de “Procissão dos Ossos”, essa procissão era seguida pelos farricocos que levavam às tumbas os ossos dos condenados recolhidos. O farricoco passava assim a ser o tumbeiro da Misericórdia que levava os defuntos para a sepultura e para o descanso eterno.

Voltando às práticas folclóricas latino-americanas e brasileiras (só pra deixar bem explicito), as representações da Cuca se perpetuaram também a partir de elementos singulares, nas cantigas de ninar, nas construções de efígies (algumas vezes gigantes e que se perpetuaram no interior de Minas Gerais nas procissões e nos bonecos gigantes de Olinda, presentes atualmente no Carnaval, mas que anteriormente eram utilizados em autos da Semana Santa).

A Cuca compartilha sua presença e seus poderes, com outros seres encantados do mundo do medo e do ciclo do sono e dos sonhos: A Matinta Pereira (segundo mito a Cuca se transforma em ave agourenta noturna após o nascimento de sua sucessora); o Bicho-Papão, o Papa-figo, a Maria-da-manta, o João Pestana, o Boi da cara preta e também comanda e se mistura com outros seres do folclore brasileiro, tais como o Saci, a Yara, o Tutu Marambá, etc.

Como vimos ao longo do texto a Cuca apresenta inúmeras representações: velha enrugada de pele muito seca; dragão, serpente, ser crocodiliano, ave noturna, lanterna apotropaica, velha bruxa vestida de capuz negro, espírito dos ancestrais, mariposa (borboleta-coruja), lagarta, sombra.

Ser do mundo das fadas, em seu sentido mais antigo e profundo, seus poderes de assustar decorrem do seu dom de perscrutar a mente humana e trazer à tona os medos internos de cada pessoa, seus traumas. Ela desafia, inicia, conduz a novos mundos, devora como uma esfinge quem não passa por suas iniciações. Ainda põe ordem onde há ameaça decorrente de transgressões sociais, conduz os mortos como psicopompo e opera sobre a fertilidade do solo, dos animais e das pessoas, garantindo a permanência das comunidades. A Cuca aprecia ervas e frutos da colheita como presentes, mingaus de farinhas diversas (aveia, milhos etc.). Veste-se de negro, tons lodosos e terrosos, como criatura da noite e do pântano que é.

Referências:

ALVES, Januária Cristina. Abecedário de personagens do folclore brasileiro. São Paulo, Editora SESC. 2020.

CÂMARA CASCUDO, Luís. Geografia dos Mitos Brasileiros. Rio de Janeiro, José Olýmpio Editora. 1947.

CÂMARA CASCUDO, Luís. Lendas brasileiras para jovens. Global. 2010.

LESSA, Marcelo de Lima. A Cuca: contos do folclore sombrio. Publicação independente. 2019.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Coca_(folclore) em 16 de fevereiro de 2021.

https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-cuca-tarsila-do-amaral/ em 16 de fevereiro de 2021.

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/cuca-nao-e-nossa-verdadeira-origem-da-bruxa-com-cabeca-de-jacare.phtml em 16 de fevereiro de 2021.

https://www.teleseries.com.br/grimm-el-cucuy/ em 16 de fevereiro de 2021.

Sobre o autor:

* Otávio Azevedo é professor Licenciado em Ensino de História pela Faculdade de Formação de professores da Mata Sul, é especialista em História das Artes e Religiões pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Atualmente é professor em Educação Profissional e Ensino Médio Integrado na rede pública do estado de Pernambuco.

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