Todos os mitos patriarcais vêem Koré como a mocinha que simplesmente foi raptada e forçada a lidar com um mundo totalmente desconhecido a ela.
Ela é uma Deusa. E como qualquer Deusa, é dona de suas vontades e desejos. Ela é capaz de construir e destruir, se assim for necessário. Ela decide seu próprio caminho, seja com o apoio ou não de ninguém, inclusive de sua própria mãe.
Koré tem o sagrado fogo interior que busca desejo. Desejo por algo a mais. Pelo seu eu mais profundo. Por aquilo que ninguém espera dela. Por ir além de si mesma.
E desejando o Submundo, ela o desce, saboreando as sementes de romã que Hades a oferece. Hades olha para Perséfone e vê uma Deusa que deseja o que ele deseja. Ela o compreende e isto faz toda a diferença. Ele se dá conta que a Rainha acenderá ao Reino dela finalmente.
Na sua descida, Perséfone se desfaz de tudo que não a determina e que a limita por sua jornada de ascensão como divindade. Em sua própria evolução divina. Ela abraça seus mistérios e os mistérios de seu novo reino, já que é Deusa do mundo acima; ou seja, torna Rainha neste também. Uma Rainha de dois mundos.
E Hekate a observa. Afinal das contas, Aquela que é o início, meio e fim, filha do início do próprio Universo, testemunha Perséfone percorrer seu próprio caminho forjado pelas chamas eternas de suas tochas.
Aerin Nerissa
Sacerdotisa da Tradição Caminhos das Sombras

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