Carga da Deusa – Mãe
Eu sou a Mãe, eu sou a terra que sustenta os seus pés, de mim verte a água que mata sua sede, de mim nasce o fruto que te alimenta, de mim todos vieram e a mim todos retornarão e pelas minhas estruturas me chamam de Gaia.
Meu é o sangue que verte de cada útero, minha é fertilidade do nascimento, meu é o primeiro sopro do filho que nasce eu sou o acompanhar de seus passos, pois, é em meus campos que brincam, é em meus domínios que florescem e pelas minhas estruturas me chamam de Deméter.
Meu é o passar do tempo, meu o tempo que sempre chega, mas mesmo assim forneço conforto, como mãe sempre acompanho, como mãe sempre espero, espero meus filhos escutarem a minha voz, espero meus filhos voltarem para mim e pelas minhas estruturas sou Pachamama.
Carga do Deus – Green Man
Eu sou o falo verde que fertiliza a terra negra e cheia de vida. Eu sou as sementes que são plantadas. Eu sou as raízes, que profundas se espreitam no corpo dela para tirar o seu sustento. Eu sou o broto jovem que luta para crescer, que luta mediante as intempéries do espaço, da chuva, do vento, do calor, da seca, das alagações. Eu sou o tronco que cresce forte e resistente, a base e alicerce para os inúmeros ramos que me cercam. Eu sou as folhas que trazem sombra para os que em mim habitam. Eu sou as flores que jorram os polens e enfeitam o corpo d’Ela. Eu sou os frutos, que doces ou amargos, servem de alimento para os meus.
Eu sou o feto que se mantem vivo e acolhido no útero Dela. Eu sou o filhote que nasce para conhecer o mundo que o cerca. Eu sou aquele que grita e chora, ansioso por leite, sedento por vida. Eu sou aquele que dá os primeiros passos rumo ao desconhecido, rumo às matas e à Natureza. Eu sou aquele que busca pela sobrevivência, mesmo que isso signifique me alimentar de uma vida. Eu me alimento da natureza ao meu redor. Eu alimento a Natureza ao meu redor. Eu sou o eterno ciclo de vida, morte e renascimento. Eu sou o gozo da vida, eu sou o suspiro da morte. Eu sou o espirito vivo que se mantém presente nas matas e protege os que nela habitam. Eu sou o Deus das plantas, rios e animais. Eu sou o Deus selvagem. Eu sou o Green Man.
Deusa e Deus
Ser mãe é ter absorvido a impulsividade da Donzela e ter transformado em maturidade. Pois o primeiro suspiro realizado nesse novo mundo é meu, assim como o último suspiro realizado, que me leva de volta para o útero fértil da Grande Mãe.
Minha sabedoria ainda verte como água nutrindo minhas ações assim como a dos meus filhos e sabedoria terei em dobro como anciã. Pois as matas são o meu corpo. Os rios são o meu sangue. Os animais são as minhas células. Vocês fazem parte de mim e eu faço parte de vocês.
Ser mãe é também saber ser mulher com seus instintos, desejos e libidos. É estar aberta a novos aprendizados, mesmo quando acha que sabe muito. Pois a vida possui momentos que são como ouvir o canto dos pássaros, mas a mesma vida pode ter momentos que nos assustam como o urro desconhecido de um animal selvagem na floresta densa. Entretanto, todos esses aspectos fazem parte do que é a existência.
Ser mãe é uma dádiva que concedo a todas as todas as minhas filhas desde o seu primeiro ciclo até o último suspirar, amar e ser amado por uma mãe é uma dádiva que eu concedo a todos os meus filhos, até o momento em que todos a minha terra retornarem.
Sejam doces e gentis como o canto dos pássaros. Sejam destemidos e ferozes como o urro selvagem dos animais. Sejam a totalidade da vida. Sejam plenos, assim como são as matas de meu corpo.