O amor é a mais forte das magias. Mas, você sabe o que é amor? Quais são seus ideais de amor? Em que ou em quem você se inspira quando pensa em amor? Por que você quer que alguém fique com você? Você quer que alguém te dê amor? Você também espera oferecer algo ou apenas receber? Você tem algo para oferecer? Você já é feliz sozinho? A pessoa pela qual você está interessada agora é, realmente, a mais adequada para você se relacionar? A força do amor está disponível para aqueles que realmente conseguem compreender o que é o amor. Mas, novamente, o que é o amor? Seria ele apenas uma invenção teórica para explicar alguns comportamentos sociais humanos? Seria a manifestação de processos bioquímicos? Instinto? Poesia?
Não, não definirei o amor. Não, não te ensinarei como conquistar alguém. Não, não te ensinarei feitiços de amarração. Não venho oferecer respostas ou receitas de bolo, pois não tenho todas as respostas. Quem dera as tivesse, mas não quero iludir a mim mesmo ou a você com a ficção da certeza, pois ela sim atrapalha que aprendamos mais. Qual é, então, a utilidade deste texto? Venho oferecer questionamentos e pensamentos. Venho te instigar a pensar um pouquinho mais. Espero que as próximas linhas sirvam como uma pequena semente e que essa semente encontre terras férteis em seu coração e em sua mente.
Hoje, durante meu almoço, estava refletindo que, a forma que nossa sociedade se organizou parece ter deslocado os relacionamentos afetivos interpessoais e intrapessoais de uma posição privilegiada que deveria merecer. Cada vez mais gastamos mais tempo nos locomovendo de um lugar para o outro, cada vez mais estamos no emprego, trabalhando fora de casa, tendo que nos envolver com problemáticas do cotidiano e acabamos, às vezes, não tendo tempo para apreciar nossa própria presença fazendo coisas que julgamos prazerosas, quem dirá, aproveitar de maneira saudável a presença de outras pessoas. Mesmo quando estamos juntos, nos isolamos: nunca vimos uma roda de amigos, todos, mexendo no celular e não conversando entre si? O resultado é inevitável: desaprendemos a nos conectar off-line. Nos tornamos superficiais e aprendemos que, por meio da aquisição de produtos comerciais podemos nos satisfazer. Isso funciona para o amor? O amor é uma coisa que se adquire? Podemos adquirir amor de outrem para nos sentirmos melhores?
Não temos mais paciência para ler textos longos, preferimos manchetes, click bates e fake news. Não podemos gastar tempo fazendo uma receita longa, queremos comprar um fast food. Acabamos preferindo os aplicativos de relacionamento a um evento social que possibilitaria uma interação mais próxima e um processo de conquista mais apurado e sim, talvez mais demorado. Estamos nos afastando das pessoas e, de nós mesmos. Há pensadores que dizem que, pela interação com o outro é que nos conhecemos, delimitamos nossas fronteiras comportamentais, psicológicas, sociais etc. Mesmo assim, não param de crescer os cartazes de “Trago seu amor em três dias”, ou desabafos e pedidos de socorro anônimos de pessoas que anseiam por um relacionamento amoroso. Os pedidos de leitura de oráculos e de feitiço de amor que mais me aparecem talvez sejam os relacionados com essa temática.
As pessoas querem amor, e querem para já! Mas, elas não querem seu próprio amor, elas não querem ser felizes sozinhas, elas querem que outras pessoas as supram de amor, elas querem que outras pessoas tragam para elas o que as falta. Afastadas de si mesmas, não conseguem mais encontrar o amor em si. Sim, existe um pedido de socorro! E sim, precisamos encontrar o amor, mas precisamos encontrar ele dentro de nós mesmos. Estamos cada vez mais acordados, trabalhando mais, voltados para o mundo exterior, mas não estamos olhando para dentro, não trabalhamos nossas emoções, não viajamos em nossos sentimentos, não ouvimos a nossas próprias emoções. Quando fechamos os olhos, não sonhamos mais, não conseguimos nos ver de olhos fechados. Precisamos olhar para dentro e encontrar o que tanto procuramos, mas nossos olhos estão embaçados de muita poluição e luzes de outdoors e não conseguimos ver o que é invisível aos olhos. Queremos encontrar o amor lá fora, em uma viagem pelo metrô, no volante do Uber, em uma aula de Estatística, em um esbarrão na calçada, em uma mensagem do Instagram ou em uma prateleira de mercado: “Qual seria a validade deste produto? Ah, não gostei dessa embalagem, essa aqui é mais bonita”. Lembremos de um trecho da famosa carga de nossa Deusa e Senhora: “E você que busca conhecer-me, saiba que sua procura e ânsia serão em vão, a menos que você conheça os mistérios: pois se aquilo que busca não se encontrar dentro de você, nunca achará fora de si”. Por meio dessa compreensão, os cartazes passariam a ser diferentes e os pedidos e perguntas dos consulentes seriam outros. As pessoas estariam cada vez menos interessadas em fazer com que o outro a ame e mais interessadas em amarem a si próprias.
Gastamos muito tempo pensando em como conquistar o outro, mas, já paramos para pensar em como “nos conquistarmos”? Você precisa fazer coisas que te agradem também, precisa se tratar como se você fosse seu mais fidedigno e merecedor de amor, seu maior amor, pois afinal, você o é. O que você gosta de fazer? Que coisas te fazem se sentir bem? O que você fazia que não faz mais? Ler? Correr? Sair com os amigos? Assistir a um filme? Aprender uma receita nova de uma comida? Conhecer pessoas novas? Receber amigos em casa? Estar com a família? Você não precisa viajar para Londres para se agradar. Mas, pense no seguinte: Você se esforça o suficiente para se fazer feliz como se esforça para tentar conquistar o afeto de outras pessoas? Você deve ser sua própria prioridade, não o outro.
Tudo isso não significa que você não pode fazer feitiços com a temática amorosa. Você pode sim, mas com a motivação correta. Penso que, antes de você fazer um feitiço pedindo por um parceiro romântico, você primeiramente precisa estar confortavelmente feliz sozinho. Se nem você consegue suportar sua própria presença, como outra pessoa irá? Você precisa limpar a casa antes de receber visitas! Você precisa começar, se ainda não o fez, a lidar com as feridas que sobraram de relacionamentos passados, com suas expectativas, com seus traumas de infância e com suas carências. É sua responsabilidade lidar com essas coisas. Isso não significa que você deve estar com tudo isso resolvido 100% para somente depois poder se envolver com alguém, afinal os processos de auto-conhecimento e auto-cura são um caminho e não um ponto de chegada. Meu ponto é: ao querer entrar em um relacionamento, não o faça colocando no outro a responsabilidade de te fazer feliz, pois essa obrigação é sua.
Pois bem, levando tudo o que eu disse em consideração, eu recomendo um trabalho mágico concatenado de algumas fases que podem ser paralelas ou não. Uma primeira seria aquela voltada para si mesmo, você precisa esvaziar o copo, você precisa se libertar dos parasitas mentais e emocionais do passado que podem estar te corroendo: suas frustrações, inseguranças e expectativas ilusórias. A próxima pessoa não precisa pagar pelos crimes da anterior. Que tal pedir aos Deuses para te ajudarem a se purificar e a se entender melhor nesse aspecto? Agora, você precisa se encher de amor, amor próprio, amor que ninguém de fato poderá te dar, somente você. Aprenda a se valorizar, faça coisas que você gosta e que deixou de fazer, tire planos antigos da gaveta, saia com os amigos, aprenda a se divertir e a se sentir bem consigo mesmo sem precisar de um(a) namorado(a). Você também pode fazer um trabalho de amor próprio nesse propósito.
Pois bem, uma vez buscando se libertar de antigos grilhões, o que é um trabalho contínuo, e buscando aprender a se amar independente dos outros, você pode estar pronto para compartilhar tudo o que você tem de bom. Veja: Você irá compartilhar, somar, multiplicar, mas jamais subtrair do outro ou de si mesmo. Qual será que são as características da pessoa ideal para compartilhar com você esses momentos bons que você já sabe viver sozinho? Você tem certeza dessas características? O que te motiva a lista-las? Você realmente sabe o que quer? Será que uma pessoa com essas características é realmente ideal para você nesse momento? Os Deuses certamente são sábios o suficiente para te ajudar nesse aspecto. Assim, ao invés de fazer um check list, você pode pedir que os Deuses tragam uma pessoa ideal para você naquele momento e que esteja sintonizada e alinhada com você, que te traga os aprendizados necessários para aquele momento.
Veja que, nessa perspectiva, você não está prendendo ninguém contra sua própria vontade a você. Afinal, que tipo de amor é esse que aprisiona e esmaga o livre-arbítrio? Isso é amor ou possessão patológica? Quem ama aprisiona? Fica a famosa mensagem de uma personalidade atual: “If you can’t love yourself, how in the hell you gonna love somebody else? Can I get an amen?” (Se você não consegue amar a si próprio, como no inferno você poderá amar outra pessoa? Vocês podem me dar um amém?)
Antes de se aventurar a fazer um feitiço de amor, recomendo que pense nas coisas sobre as quais conversamos neste texto e que assista dois vídeos muito interessantes que tocam na temática que eu desenvolvi aqui e que, para além disso, se aprofundam mais no teor dos feitiços de amor/relacionamentos amorosos. Um deles está no canal da TCS e outro está no canal da Aileen.
Blessed be!
Owen Stelyus ✩
Sobre feitiços de amor no canal da TCS:
Sobre feitiços de amor no canal da Aileen:
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