Oito Sabbats marcam as celebrações solares da nossa roda, que dura o mesmo tempo que a Terra demora para dar a volta em torno do Sol (um ano). Sendo celebrações solares, o enfoque desses ritos é a jornada do Deus ao longo do ano, seu nascimento, crescimento, morte e renascimento. Isso não significa que você não possa honrar a Deusa nos Sabbats, muito pelo contrário, é aconselhável que você escreva seus rituais incluindo também a Deusa. No futuro, quando você tiver mais costume na confecção de rituais e na celebração da roda do ano, pode realizar rituais com divindades de panteões específicos.
O calendário da bruxaria, também conhecido como calendário celta, é baseado nas estações do ano da forma como elas ocorrem no Hemisfério Norte. E são muito claras as diferenças entre o nosso clima e o clima de lá, a começar pela neve, inexistente no Brasil. Em função disso, muitos bruxos optam por “girar” as celebrações, ou seja, considerar as festividades celtas de acordo com os solstícios e equinócios aqui do Brasil (nas datas consideradas para o Hemisfério Sul).
Alguns bruxos consideram isso importante, enquanto outros não. Para alguns, apesar de as estações do ano no nosso país não serem bem definidas, é importante adaptá-las para nosso clima. Para outros, e nisso se inclui a maior parte dos membros da TCS, é mais importante considerarmos as datas em que nossos ancestrais celebravam.
Os Oito Sabás que contam a história de amor entre a Deusa e o Deus e o Ciclo de Morte e Renascimento dEle através dEla são:
YULE: 20-25/12
Esse festival é celebrado no solstício de inverno no hemisfério norte, usualmente em 20 ou 21 de dezembro. Lá, esse é o tempo do auge do inverno, quando tudo está frio demais, escuro demais e não existe mais esperanças de que o sol retorne trazendo a primavera. No entanto, é justamente no momento mais escuro, no momento em que a escuridão atingiu seu poder máximo e não tem mais como crescer, que nasce a semente da luz. É o momento em que o Rei Carvalho derrota o Rei Azevinho.
Yule é celebrado com as cores da estação, o vermelho dos frutos do azevinho, o verde das folhas de pinheiro (uma das pouquíssimas que permanecia verde) e o branco da neve. O ato de cortar uma árvore verde nessa época, trazê-la para dentro de casa e enfeitá-la é um costume pagão, assim como a troca de presentes.
Esse é o momento do nascimento do Deus da Luz. É nessa época em que o Deus se torna a criança da promessa, trazendo consigo a esperança de que o inverno acabará e que a escuridão não é eterna. É o sol representado como um bebê ou um menino.
Não coincidentemente, foi por volta dessa mesma época do ano que os cristãos optaram por considerar o aniversário do nascimento de Jesus. Portanto, a celebração pagã de Yule e seus costumes foram substituídos pela celebração do Natal.
No mundo todo, inclusive no Brasil, há um período de descanso nesta época.
IMBOLC: 01/02
Imbolc é o primeiro festival realizado para celebrar a aproximação da primavera. Depois de um longo inverno, é a primeira vez em que as famílias conseguiam abrir suas portas e suas janelas para realizar uma grande limpeza na casa, retirando a poeira e a sujeira acumulada nesses meses. Os dias começavam a ficar claros.
Esse festival era comemorado em pequenos grupos e núcleos familiares e como ainda não havia lenha para acender grandes fogueiras, a vela se tornou um importante símbolo deste Sabbat e explica um dos nomes alternativos que ele tem: Candlemas. É por volta dessa época também que os rebanhos começavam a dar cria, e inúmeros filhotes nasciam. Consequentemente, o leite passava a fazer parte da refeição como um importante alimento depois do inverno.
Hoje em dia, uma das principais formas de se honrar o Imbolc é pela limpeza ritual e mágica de sua própria casa ou quarto. Além disso, é hora também de procurar em seu armário pelas roupas e sapatos que já não usa mais para doar a instituições como asilos, creches e escolas.
No Brasil, as crianças geralmente estão retomando suas atividades escolares neste período.
OSTARA: 20-23/03
Esse é o equinócio de primavera, o momento em que temos o mesmo número de horas de luz e de escuridão. É uma celebração de Equilíbrio, pois, no Hemisfério Norte, o inverno vai embora e dá lugar a primavera.
Esse festival é considerado uma celebração da fertilidade, pois animais de rápida procriação, como a lebres, começam a ser avistados novamente e existe abundância de carnes e ovos. Em Ostara, as sementes que foram guardadas durante o inverno são abençoadas e inicia-se o processo de aragem da terra para plantio.
É das celebrações de Ostara que se originou a Páscoa atual, quando presenteamos uns aos outros com ovos, flores e realiza-se um banquete. O mito do coelho que coloca ovos existe por causa de uma antiga Deusa Germânica chamada Eostre, que transforma o coelho em um pássaro, para que ele possa visitá-la na lua. Mesmo hoje existe a celebração dessa Deusa na Alemanha, mas para a maior parte das pessoas o significado religioso desse festival se perdeu.
No Brasil, estamos realizando o plantio de muitas culturas alimentícias nesta época.
BELTANE: 30/04
Este é um festival que celebra a união da Deusa com o Deus. O amor e a sexualidade são o cerne deste Sabbat, quando todos se reuniam sobre os campos já arados e semeados para realizar antigos ritos de fertilidade.
Essa é a época em que a Deusa está noiva e em que a maior parte dos adolescentes, que haviam sido mantidos separados durante o inverno, pode se reencontrar. Também é nesse Sabbat que fazemos o mastro de Beltane, um enorme poste de madeira colocado em um buraco de terra, onde se trançam fitas coloridas em meio a muita dança e brincadeiras (celebração feita em festas de junina, comumente no sul do país com o nome de Ciranda).
É a partir desse festival que surgiu a lenda de que as bruxas voavam em vassouras. Nesse período as mulheres montavam nuas em suas vassouras para abençoar os campos. O quanto mais alto conseguissem pular, mais alto seria o crescimento da plantação.
No Brasil, nesta época, estamos em pleno ritmo de trabalho e produção.
LITHA: 20-23/06
Esse festival é o extremo oposto de Yule, na roda do ano, o solstício de verão. Esse é o momento em que o sol brilha mais, em que existe mais luz e quando o inverno é nada mais que uma lembrança. É o dia mais longo do ano, em termos de horas. O Rei Sol está em sua maior força e se celebra o sucesso e a paixão.
Rosas e girassóis são símbolos deste Sabbat. A rosa pela beleza e feminilidade da Deusa e o Girassol pela sua devoção ao sol, e simbolismo do masculino.
As plantações crescem a olhos vistos e os feixes de trigo e cevada estão verdes. Já existe alguma abundância de comida e as pessoas realizam banquetes para comemorar. No Brasil, é por volta dessa época que comemoramos as festas juninas, festivais de alegria, cor e comidas locais: festivais da fartura, portanto.
Também é nesse festival que se realiza a encenação do Rei Azevinho derrotando o Rei Carvalho, pois o momento de mais luz, de maior brilho e força do sol, também é onde brota a semente da escuridão e do inverno. É o ápice do poder do Deus e o início de seu declínio.
No Brasil, estamos em plena colheita do milho. Não à toa, temos tantas comidas feitas de milho nas festas juninas.
LAMMAS: 01/08
Esse é mais um festival em honra ao sol, representando a primeira de três grandes colheitas. Lammas é a colheita dos grãos, quando a maior parte das flores já se foi e o mundo começa a perder seu viço, apesar de o verde ainda ser abundante.
O Deus já é um homem adulto e a Deusa uma mulher grávida. Sentindo a necessidade de prover alimentos para todos, o Deus se torna o grão ceifado e o pão que nos alimentará. Esse é o primeiro sacrifício do Deus.
Lammas é uma festa de fartura de grãos, pães, vegetais e raízes. O Deus se sacrificou para que todos pudessem se alimentar. Nessa época, selecionam-se as melhores sementes para a plantação do ano seguinte e se realiza magia para que essas sementes representem todas as coisas boas que aconteceram até agora.
Em grande parte dos Estados do Brasil, nesta época, costumeiramente já estamos em plena seca e nossas plantas estão retorcidas, guardando todas as gotinhas.
MABON: 20-23/09
Esse é o segundo festival de colheita associado com frutas, castanhas e alimentos mais frágeis e perecíveis, dos quais se fazem compotas. O Deus percebe novamente a necessidade de alimentar seus filhos e se sacrifica mais uma vez.
Todos sentiam que o inverno começava a se aproximar, portanto ervas e outras plantas que seriam usadas durante o inverno eram colhidas e secas. As frutas se transformavam em compotas que poderiam ser estocadas até a próxima primavera e havia abundância de comida. Esse festival se transformou na celebração de ação de graças, onde todos agradecem pelo alimento que tem em suas mesas e pelas bênçãos recebidas nessa roda.
Assim como Ostara, Mabon é um festival que celebra o equilíbrio, pois nessa data luz e sombras tem o mesmo número de horas de duração. Daqui para frente, as horas de escuridão serão maiores e haverá pouco sol.
No Brasil, nesta época estamos na colheita do mamão, banana, laranja e diversos legumes.
SAMHAIN: 31/10
Esse festival é também conhecido como o dia das bruxas ou Halloween. Essa é a terceira e definitiva morte do Deus, a morte da carne.
Com a inevitável aproximação do inverno, as pessoas faziam todos os preparativos necessários para garantir que não haveria fome. Um deles incluía o abate de todos os animais muito novos e muito velhos, que certamente não conseguiriam resistir ao inverno e que poderiam representar um grande desgaste nos suprimentos. Por esse motivo, esse festival possui uma forte conotação relacionada à morte. No entanto era também uma enorme festa, com muita abundância de carne e comida em geral. Tudo o que estava perto de estragar deveria ser comido antes da noite dos mortos.
Também é uma época em que podemos honrar nossos entes queridos e animais que já se foram, colocando em nosso altar oferendas para eles. Samhain marca também o ano novo das bruxas.
No Brasil e por todo o mundo, 02 de novembro é o festival de honra aos mortos.