Celebrando a Lua negra

Normalmente todos os livros e sites sobre Wicca falam sobre as celebrações dos Esbats, desde simples citações até descrições completas das possíveis formas de se celebrar o plenilúnio. 

Mas a grande maioria deles sequer cita a celebração da Lua Negra como parte da rotina de um Wiccaniano. 

O que é a Lua Negra? Tecnicamente, a Lua Negra compreende os 3 dias anteriores à Lua Nova em que a Lua está praticamente em conjunção com o sol. Neste caso, ela não é visível durante a noite e sim apenas durante o dia. Para definir suas celebrações considere que a penúltima noite antes da Lua Nova é a Lua Negra, nem sempre será a primeira noite de Lua Negra, mas você não correrá o risco de celebrá-la antes do dia correto.

Na noite de Lua Negra celebramos a Deusa em sua face escura. Não como a criadora ou mãe, mas como a ceifeira, a que corta o fio da vida.

Celebramos Kali “com seu colar de crânios e a cabeça decepada que sempre carrega. Pois essa cabeça representa o egotismo de cada um de nós, que temos a audácia de acreditar que nossa realidade individual é tudo o que há. Ao matar essa parte de nós, Kali nos abre à realidade maior do Universo e do mundo espiritual. Sua dança de morte é sua alegria pela morte de nossa estupidez, mente estreita e egotismo.”

Celebramos Nekhebet, a Mãe Abutre Egípcia, que vem nos avisar que nosso tempo neste plano é limitado e que nosso corpo um dia será Seu alimento. No leste ela é a Mãe Protetora, que como a fêmea do abutre protege e defende ferozmente seus filhotes. No oeste ela é a Mãe Devoradora, ingerindo nossa matéria após a morte.

Celebramos Cailleach, a Anciã Escocesa, chamada de A Velada, conhecedora dos mistérios do futuro, professora terrível que nos mostra o fluir inexorável dos ciclos da vida.

Celebramos Cerridwen, a poderosa Senhora Celta da Sabedoria, a porca branca comedora de cadáveres cujo caldeirão contém o acesso aos mistérios do Universo.

Celebramos Hell, Rainha Nórdica dos Mortos, metade mulher linda- metade cadáver em decomposição, aquela que recebe e cuida dos mortos que não morreram em batalha e cujos altares sagrados eram as cavernas em forma de útero, lembrando a todos nós que a Morte é apenas o passo que antecede o renascimento.

E acima de tudo celebramos Hécate, Deusa e Protetora de todas as Bruxas, Senhora dos caminhos e das máscaras, do destino que criamos para nós e das prisões nas quais nos enclausuramos. A mais antiga forma Grega da Deusa Tríplice, Hécate governa o Céu, a Terra e o Mundo dos Mortos. Ela representa aquilo pelo qual devemos passar, por mais doloroso que seja e nos ensina que não há razão para nos desesperarmos. Ela é a Senhora do Ciclo do Universo e sabe que toda dor é sempre seguida por um renascimento de alegria e poder.

E então, quando a Lua não brilha no céu e a escuridão é nosso legado devemos deitar oferendas a Ela que também olha por nós em nossos momentos de Trevas.

As oferendas tradicionais são o ovo, a maçã, o azeite e os bolos. Mas a fragrância de um incenso especialmente escolhido e a chama delicada de uma vela negra também são oferendas aceitáveis.

A Lua escura que não brilha no céu nos lembra que nós também temos uma porção escura. E por isso, também celebramos nossa sombra, a porção terrível e destruidora que temos dentro de nós. Aproveitando a proteção aveludada da noite escura podemos nos encontrar com nossa sombra, não como duelista, mas como parceiro para uma dança sagrada de integração e plenitude. Dance então com sua Sombra, aceitando-a como parte de você e terminando a dança num abraço de êxtase que vai unir as duas metades de seu ser e te tornar completo. Lembrando à terra sob seus pés e aos céus escuros acima que você, assim como a Deusa, é feito de Luz e Sombra.

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Naelyan Wyvern é a fundadora e Alta Sacerdotisa da Tradição Caminhos das Sombras.

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