Terapia x Religião

Terapia não é religião. 

É uma profissão que guia clientes para lidar com questões pessoais. E as questões são resolvidas pelo próprio cliente, pois terapeuta não é “guru”, nem “conselheiro” e nem “uma caixinha de soluções prontas para a vida”. 

O cliente é responsável pelas suas escolhas independente da linha que o terapeuta siga. É o cliente quem vai realizar a sua jornada. A relação terapeuta e cliente é tratada de forma contratual, profissional e com tempo e com o espaço, ambos determinados pelo terapeuta. 

O “setting”, o “timing” e a relação de empatia entre terapeuta e cliente não é uma irmandade, não é uma amizade, nem entra no conceito de uma relação de “Perfeito Amor e Perfeita Confiança”, nem de laços mágicos de dedicação e, muito menos de laços iniciáticos. 

Há o sigilo profissional ao que permite o cliente relatar e desabafar sobre os seus conteúdos pessoais. Não devem ser confundidos com eterno conceito em desenvolvimento do “Perfeito Amor e Perfeita Confiança” ou com o local em que se pode falar de todos os mistérios pertencentes a uma Tradição, pois é uma relação na qual possui restrições claras sobre a vida pessoal do terapeuta e há condutas de ética profissional nas quais o terapeuta deve seguir. Independente do tempo de terapia, a relação tem como propósito do cliente alcançar a sua alta, mesmo que em outra ocasião de sua vida, ele retorne à terapia.

 A religião que seguimos é outra história. 

Também somos responsáveis pelas nossas escolhas e temos também de lidar com questões pessoais, mas a dedicadora / dedicador e a iniciadora / iniciador não são um terapeuta. 

Há uma relação construída que, ao longo do tempo, ocorrem o desenvolver do senso de respeito, de confiança, de irmandade, de amizade, de ética, além de outras condutas, todas pertencentes em relações de “Perfeito Amor e Perfeita Confiança”, além do contínuo aperfeiçoar do próprio conceito do “Perfeito Amor e Perfeita Confiança”. 

A ética passa por critérios sacerdotais os quais se diferem de uma conduta profissional de um terapeuta. Há o compartilhar de experiências, mas não há um “setting”, um “timing”, um espaço e um tempo restritos de termos profissionais. É claro que se busca a utilização da educação e de bom senso se estiver na residência da dedicadora / dedicador e a iniciadora / iniciador, ou mesmo em um ambiente utilizado por membros de uma tradição. A dedicadora/ dedicador cria laços os quais se tornam profundos, sem volta depois de uma iniciação. 

A pessoa que busca um sacerdócio não está procurando somente soluções para problemas de sua vida. Eu vejo que o sacerdócio é o que você é. Faz parte da sua essência. 

É um serviço, um ofício, uma devoção e uma constante busca e vivência com a Deusa e o Deus em suas diferentes Faces e Nomes. 

O vivenciar de trabalhos de autoconhecimento vão além do crescimento pessoal e te permitem o compreender de processos mágicos, da magia que nós somos, da maneira que o sacerdócio irá se estabelecer (e que podem ser de várias formas) e da Deusa e do Deus.

Quem procurar religião achando que encontrou uma nova terapia tem um grande problema nas mãos. Elas andam de mãos dadas, mas jamais substituirão uma à outra.

Imagem: Não somos detentores da imagem. Sem fins lucrativos.

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