Análise da vida humana como uma jornada pelos 22 arcanos maiores do Tarot.
O Louco
Começamos com o Louco, a carta dos Começos. O louco representa cada um de nós quando começamos nossa jornada pela vida. Ele é tolo porque só uma alma simples possui a fé necessária para se lançar em uma jornada com tantos perigos e sofrimentos.
No início de sua jornada, o Louco é um recém nascido – aberto, ilimitado e espontâneo. Ele se lança ao encontro do abismo completamente livre, sem imaginar a dureza do caminho pelo qual vai passar.
De alguma forma o Louco está fora dos demais arcanos maiores. O número zero está no meio do sistema numérico, entre os números positivos e negativos. Ao nascer, o Louco está no meio de seu próprio universo individual, ele é o centro de tudo. Ele está estranhamente vazio (zero), mas possui o desejo de sair e aprender.
O Mago e a Sacerdotisa
Uma vez que o Louco começa seu caminho, ele imediatamente encontra o Mago e a Sacerdotisa, as grandes forças em equilíbrio que formam o mundo como o conhecemos.
O Mago é o lado “positivo”. Ele representa o poder masculino, ativo do impulso criativo. Ele é também a percepção consciente. O mago é a força que nos permite vivenciar o mundo através de uma concentração de vontade e poder individuais. O Louco se torna o Mago, quando percebe seu próprio poder e aprende a canalizá-lo. Ele pega toda a sua energia e a direciona p/ um objetivo. Então, ele deixa de ser um tolo e pode se tornar um sábio. Mas também pode ser tornar um mero embusteiro, se não souber domesticar suas emoções e seu orgulho, se não aprender a perceber seus limites. Ele parte da energia pura sem direcionamento e começa a canalizá-la. É aí q ele descobre seu poder. De agora em diante ele poderá se embriagar nesse poder (e ser controlado por ele) e perder seu caminho, ou controlar o poder e seguir em sua jornada rumo ao Mundo.
A questão que o louco enfrenta agora é: “O q você preza mais, o amor do poder ou o poder do amor?”
A Sacerdotisa é o lado “negativo”. Ela é o inconsciente misterioso. Ela traz o solo fértil no qual podem germinar eventos criativos. A Sacerdotisa é nosso potencial não realizado esperando por um princípio ativo para trazê-lo à expressão.
A Imperatriz
Á medida em que cresce, o Louco percebe cada vez mais o que o cerca. Como a maioria dos bebês, ele primeiro reconhece a Mãe – não apenas a mulher que cuida dele e o nutre, mas a Mãe Terra, que o nutre em um sentido mais amplo.
A Imperatriz representa o mundo da Natureza e da Sensação. Um bebê adora explorar tudo o que toca, prova ou cheira. Ele não se cansa de explorar o mundo ao seu redor com todos os seus sentidos. É natural deliciar-se na bondade abundante da Mãe Terra que nos cerca com seu apoio.
O Imperador
A próxima pessoa que o Louco encontra é o Pai na figura do Imperador. Ele representa a estrutura e a autoridade. Quando um bebê começa a sair dos braços da mãe, ele percebe que existem padrões neste mundo. Os objetos respondem de formas previsíveis que podem ser exploradas e aprendidas. A criança descobre um novo tipo de prazer que vem da descoberta da ordem.
O Louco também encontra as regras. Ele aprende que sua vontade nem sempre é obedecida e que existem certos comportamentos que se espera e que são necessários para seu bem estar. Existem pessoas com autoridade que irão reforçar essa noção. Estas restrições podem parecer frustrantes, mas sob o direcionamento paciente do Pai, o Louco começa a entender seu propósito.
O Hierofante
Eventualmente, o louco deixa sua casa e começa a explorar o mundo. Ele é exposto às crenças e tradições de sua cultura e começa sua educação formal. O Hierofante representa o sistema de crenças organizadas que começa a cercar e informar a criança que cresce.
A criança é treinada em todas as práticas de sua sociedade e torna-se parte de uma cultura e visão do mundo em particular. Ele aprende a se identificar com um grupo e descobre seu senso de pertencer. Ele curte aprender os costumes de sua sociedade e mostra o quão bem pode se conformar com eles.
Os Amantes
Então o Louco é lançado ao encontro de dois novos desafios. Ele começa a sentir a profunda necessidade de se relacionar, não apenas no sentido sexual, mas no sentido de se conectar a outras pessoas. Ele começa a sentir a necessidade de se tornar completo ao buscar o equilíbrio que vem de se relacionar e formar um par.
Mas ele também precisa decidir sobre suas próprias crenças. Foi bom se conformar com as regras vigentes enquanto ele crescia, mas agora é hora de descobrir seus próprios valores, fazer suas próprias escolhas. Ele começa a questionar a opinião recebida.
O Carro
O Louco torna-se então um adulto. Ele agora possui uma forte identidade e domínio sobre si mesmo. Através da disciplina e força de vontade, ele desenvolveu um auto-controle interno que lhe permite triunfar sobre seu ambiente.
O Carro representa o ego vigoroso que o Louco possui até agora. Está no controle de si mesmo e do que o cerca, mas ainda não percebeu que este controle é ilusório, os dois cavalos que levam sua carruagem podem se descontrolar a qualquer momento.
Mas no momento ele parece ter obtido o sucesso que buscava e está repleto da confiança inocente da juventude.
A Justiça
Agora o Louco começa a ter plena consciência das leis de causa e efeito. Ele começa a perceber a necessidade de assumir a responsabilidade por seus atos e suas escolhas.
É hora de tomar importantes decisões. O Louco precisa decidir para que lado levará o carro de sua vida. Ele permanecerá fiel a si mesmo?
O Eremita
Cedo ou tarde, o Louco começa a se questionar “porque?”. Ele começa sua busca por respostas, não apenas por mera curiosidade, mas para entender o Universo que o cerca. Porque existe dor e sofrimento?
Ele começa então a olhar dentro de si mesmo, tentando entender seus sentimentos e motivações. Ele busca momentos de solidão, tentando ver mais do que apenas a sociedade em que vive. Ele pode vir a buscar um professor, mestre ou guia em quem sente que pode confiar para lhe dar conselhos e direcionamentos.
A Roda da Fortuna
Após muita busca interior, o Louco começa a entender como tudo se relaciona. Ele tem a visão do esquema de ordem e equilíbrio no mundo, seus ciclos e padrões intrincados. A Roda da Fortuna é um símbolo de nosso universo misterioso cujas partes atuam juntas em gloriosa harmonia. Quando o Louco contempla a beleza e a ordem do mundo, ainda que apenas brevemente, ele encontra algumas das respostas que buscava.
Algumas de suas experiências parecem ser coisa do destino. Um encontro fortuito ou uma ocorrência misteriosa começa o processo de mudança. O Louco pode reconhecer seu destino na seqüência especial de eventos que o levaram até este ponto. Ele pode mudar seus hábitos e atividades, seguindo uma nova direção. Ele esteve solitário, mas pode agora ficar pronto para ação e movimento novamente. Antes, o Louco concentrava-se apenas em si mesmo, agora sua perspectiva é bem mais ampla e ele se vê dentro do esquema maior de um plano universal. Seu senso de propósito é restaurado.
A Força
Com o tempo, entretanto, as experiências da vida trazem ao Louco novos desafios, alguns causando sofrimento e desilusão. Ele é pressionado a desenvolver sua coragem e determinação e encontra em seu coração a força para seguir em frente apenas das dificuldades.
O Louco também descobre os atributos da tolerância e paciência. Ele percebe que a forma de comando do Carro deve ser temperada com gentileza. O controle do Carro era apenas ilusório, agora o Louco realmente adquire o controle. O verdadeiro controle que vem de domar seus impulsos mais primitivos.
O Enforcado
De repente, o Louco descobre que algumas vezes a situação pede inação e que a escolha mais sábia algumas vezes é simplesmente se entregar. Ele descobre que se deixar de lutar para atingir a perfeição, tudo começa a fluir como deveria.
Ao se permitir ser aberto e vulnerável, o Louco descobre o apoio milagroso que seu ser interior pode lhe dar. Ele aprende a se entregar a suas experiências, ao invés de combatê-las. Ele sente uma profunda alegria ao sacrificar as defesas de seu ego.
A Morte
O Louco agora sente a necessidade de eliminar velhos hábitos e métodos errados. Ele deixa para trás aspectos de si mesmo que já superou. Ele completa certas experiências em processos que parecem pequenas mortes. É a morte de seu self conhecido que permite o desenvolvimento de um novo.
Algumas vezes a morte é dolorosa. Algumas vezes o Louco sente que as mudanças que não se pode evitar são aterradoras, mas como tempo ele descobre que esta morte não é permanente, é apenas uma transição a um novo modo de vida.
A Temperança
Desde seu encontro com o Eremita, o Louco tem vivido como um pêndulo emocional. Agora ele descobre o equilíbrio estável da Temperança. Ele redescobre seu próprio equilíbrio. Ao experimentar os extremos, o Louco descobriu a sabedoria da moderação. Ele combinou todos os aspectos de si mesmo em um inteiro centrado que brilha com saúde e bem estar.
O Diabo
O Louco continua na busca dos aspectos mais profundos de seu ser e logo se vê diante do Diabo.
O Diabo não é um mal externo. Ele é o nó de ignorância e desesperança que há dentro de cada um de nós. A atração sedutora do mundo material nos aprisiona tão completamente que com freqüência não percebemos nossa dependência e escravidão.
Nossa dependência em relação aos vícios de nossa sociedade não nos permite perceber o mundo glorioso que é nosso verdadeiro legado. Permanecemos escravos de nossa própria ignorância.
A Torre
Como pode o Louco se libertar do Diabo? Ele pode realmente se livrar totalmente dele? O Louco só encontrará a liberdade através das bruscas mudanças trazidas pela Torre. A Torre é a fortaleza aparentemente impenetrável que construímos ao redor de nosso interior. Cinza, fria e fechada, esta fortaleza do ego parece proteger, mas é na verdade uma prisão sem portas.
Apenas uma crise monumental pode gerar poder suficiente para destruir os muros da Torre. É triste que uma destruição tão severa seja necessária para que o Louco se liberte, mas a revelação resultante faz com que a dolorosa experiência valha a pena.
A Estrela
Após a crise o Louco descobre a calma e serenidade. As estrelas que aparecem nesta carta agem como um farol trazendo esperança e inspiração.
O Louco é abençoado com uma confiança que substitui as energias negativas do Diabo. Sua fé em si mesmo e no mundo é restaurada. Esta paz após a tempestade é um momento mágico para o Louco.
A Lua
Mas a abertura absoluta que o Louco vive agora o deixa vulnerável às ilusões da Lua. Em seu estado de sonho acordado, o Louco é susceptível à fantasia, distorção e uma falsa imagem da verdade.
A Lua estimula a imaginação criativa. Ela abre o caminho para os pensamentos e imagens do inconsciente, mas medos e ansiedades profundas também podem afluir. Estas experiências podem levar o Louco a se sentir perdido e confuso.
O Sol
É a lúcida claridade do Sol que pode direcionar a imaginação do Louco. O Sol, cuja luz alcança todos os lugares, pode dispersar as nuvens da confusão e do medo. Com a luz do Sol, o Louco volta a sentir a prefeita ordem do Universo.
Agora ele curte uma energia e entusiasmo vibrantes. A abertura trazida pela Estrela se solidificou em uma certeza e segurança expansivas. Emoções positivas se mesclam à claridade mental para produzir uma vitalidade radiante. O Louco descobre o poder de conseguir tudo o que quer e de que precisa. Ele percebe sua própria grandeza.
O Julgamento
O Louco agora renasceu. Ele se despiu de seu falso eu, ego-centrado e permitiu que seu verdadeiro eu se manifestasse.
Ele descobre que a alegria e não o medo é o centro da vida. Ele então torna-se capaz de perdoar a si mesmo e aos outros, sabendo que seu eu verdadeiro é uma pessoa íntegra e sincera. Ele pode se arrepender de seus erros, mas sabe que foram causados pos sua ignorância de sua verdadeira natureza. Ele se sente purificado e pronto para recomeçar.
É hora do Louco avaliar sua vida e ele pode decidir o que fará de seu futuro, que valores manterá e quais descartará.
O Eu superior do Louco o chama a se erguer e cumprir seu destino. Ele agora sabe sua verdadeira vocação – sua verdadeira razão para estar nesta vida. Dúvidas e hesitações foram vencidas, ele está pronto para ir em busca de seu sonho.
O Mundo
O Louco então encontra o Mundo, mas agora com pleno entendimento sobre ele. Ele integrou todas as partes de si mesmo e atingiu a plenitude. Ele atingiu um novo nível de felicidade.
O Louco agora vê a vida como plena de significado. O futuro é pleno de promessas infinitas. E ao entender o chamado de seu ser superior ele se torna ativamente envolvido com o mundo. Ele começa a servir partilhando suas dádivas e talentos e descobre que pode progredir em qualquer coisa que queira. Como ele age com certeza, o mundo inteiro conspira para ver seus esforços recompensados.
O Fim da jornada do Louco é na verdade um novo início.
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