Por que cobrar por leituras de Tarot

Eu aprendi no Caminho Magico do Tarot que quando você lê o Tarot para alguém, você liga a teia do seu karma com a da pessoa, porque ela vai fazer escolhas na vida dela baseadas no que você disser. Você torna-se então parcialmente responsável pelo que a pessoa faz. Uma forma de evitar isso é a troca de energias, porque neste caso você esta apenas prestando um serviço em troca do valor/favor cobrado. Mas mesmo antes de aprender o método do Caminho, eu já tinha aprendido a cobrar depois de um fato que aconteceu comigo.

Eu comecei a ler Tarot (e cartas de baralho comum) aos 15 anos. Eu tinha a noção inocente de que, uma vez que eu “recebi” o dom de graça, ele deveria ser usado de graça. Passei 10 anos lendo assim. Pessoas mais sábias sempre me davam algo em troca das leituras (assim como faziam com minha avó, ela nunca cobrava pelas curas que realizava, mas sempre ganhou muitos presentes das pessoas), mas a maioria não dava nada (alguns nem sequer agradeciam, quando não gostavam do resultado).

Quando eu estava com 25 anos fiz uma leitura para uma pessoa que eu julgava minha amiga. Ela estava namorando um homem casado, que estava provisoriamente morando e trabalhando na mesma cidade em que ela, mas cuja esposa e filhos moravam em outro estado. As perguntas dela foram: “Ele me ama? Ele vai largar a esposa para ficar comigo?”.

A resposta do Tarot foi super clara, ele não a amava, nem tinha a menor intenção de deixar a esposa por causa dela, ela era só um passatempo na vida dele, uma mulher com quem ele gostava de transar. Não satisfeita com a resposta, ela passou a repetir a pergunta de varias formas diferentes. “O que ele sente por mim? O que ele sente por mim lá no fundo? Quando vamos nos casar?”

Mas não importava como ela formulasse a pergunta, a resposta do Tarot era sempre a mesma. E mais, o Tarot deixou bem claro que em menos de seis meses ele a trocaria por outra e que eles teriam um rompimento violento depois do qual não haveria volta.

Ela ficou repetindo as mesmas perguntas de formas diferentes por mais de 02h30min horas. Foi uma leitura super cansativa, porque ela insistia em não aceitar a resposta. E nos dias que se seguiram, todas as vezes que eu a encontrava, ela queria que eu lesse o Tarot, fazendo a mesmas perguntas. Eu era tola e lia.

Vamos dizer que ela ganhava 2000 por mês. Nesta mesma cidade havia uma tal Dona Fulana que lia o Tarot e cobrava 500 pela leitura. Os valores não eram estes, mas esta era a ordem de grandeza, a mulher cobrava o equivalente a ¼ do salario da minha conhecida por meia hora de leitura. Veja bem, era apenas meia hora.

Minha conhecida foi ler com a tal Dona Fulana, pagando o preço exigido. Dona Fulana disse a ela exatamente o que ela queria ouvir: “ele a amava, ele largaria a esposa para ficar com ela ate o fim do ano, eles se casariam no ano seguinte e teriam dois filhos lindos”. Para garantir isso, ela poderia fazer um “trabalho mágico” muito bom, por apenas 10000 (Isso mesmo, 5X o que minha “amiga” ganhava por mês!).

Minha conhecida então me ligou toda feliz para contar da leitura e disse, sem meias palavras, que eu deveria parar de ler Tarot, porque “minha leitura não chegava sequer aos pés da leitura da tal Dona Fulana”. E mais, alguns dias depois, ela fez um empréstimo no banco e pagou pelo tal trabalho mágico (sendo que eu tinha passado meses fazendo magia para tudo o que ela precisava sem cobrar um centavo).

Pois bem, menos de seis meses depois, minha previsão se concretizou. Ele sumiu, parou de entrar em contato com ela, não atendia mais quando ela ligava. Um dia, quando ela foi a uma festa na casa de um conhecido em comum, encontrou-o lá, com uma menina mais nova. Minha amiga armou um barraco na festa e no meio da briga, aos berros, ele disse na cara dela, para todo mundo ouvir, que ela era “só um rabo que ele tinha gostado de comer, mas que ele tinha encontrado um rabo melhor e não tinha mais interesse nela”.

No dia seguinte, lá estava ela, me ligando de manha cedo, pedindo leitura de Tarot e feitiços. Ao que eu disse: “Ué, vai procurar Dona Fulana, não foi você quem disse que minha leitura não chega sequer aos pés da leitura dela?”

Ela foi e foi de novo e pagou novamente por um dos tais trabalhos mágicos milagrosos, a ponto de ficar tão endividada que chegou a ficar sem ter como pagar as contas mais básicas. Eles nunca mais voltaram a ficar juntos. E eu nunca mais li o Tarot ou fiz magia para ela.

Depois disso eu aprendi minha lição. Nunca mais permiti que uma pessoa usasse meus dons ou minha magia dessa forma. A verdade é que as pessoas não valorizam quando você não cobra. Eu leio para meus amigos em troca de pequenos favores (minha moeda de troca preferida aqui é pão de queijo!). Mas não leio mais de graça.

Se esta pessoa já fez muito por você, ou é alguém de quem você gosta muito, cobre uma moeda, mas cobre. Se você não der valor a seus dons, ninguém mais vai dar.

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Naelyan Wyvern é a fundadora e Alta Sacerdotisa da Tradição Caminhos das Sombras.

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