O Ar, o Fogo e o Jornal

Um conto de Maximira Correa (Naelyan Wyvern)

Quero falar sobre a vez em que eu encontrei a magia, ou melhor, sobre a vez em que a magia me encontrou.

Eu sei que já deveria ter contado isso há muito tempo, mas tive medo. No início eu tinha medo de que ninguém acreditasse em mim, ou pior, que fossem me achar louco. Na época eu estava começando em meu trabalho no banco e meu maior medo era ser considerado inadequado. Eu tinha uma visão muito restrita sobre como uma pessoa séria deveria se comportar. E falar de magia não estava incluindo na minha lista de características.

Só que agora estou velho e nada disso tem mais importância. Que diferença faz se pensarem que eu sou louco a esta altura da vida?

Então resolvi contar algo que nunca contei a ninguém, nem mesmo à mulher com a qual vivi por mais de 50 anos e que me precedeu na aventura para a vida seguinte. Que isso , mais do que meus anos de pessoa séria e responsável, possa ser o meu legado. Pois vejam bem, houve um dia, no início de meus vinte anos, em que eu tive um encontro, um estranho encontro mágico.

Aquele dia começou como um outro qualquer, cinzento, carregado de nuvens que apenas esperavam que esquecêssemos o guarda-chuva para desabar em nossas cabeças a caminho do trabalho. Eu tenho uma teoria sobre isso, acho que as chuvas fazem isso de propósito, mas, calma, acho que estou me desviando do assunto.

Bem, naqueles tempos eu não tinha recursos para viver na metrópole em que trabalhava e meu percurso para o trabalho incluía uma hora e meia dentro de um trem. Eu aproveitava este tempo para ler o jornal do dia e conferir as anotações dos projetos e contas pelos quais eu era responsável. Eu era um jovem executivo de contas de banco, recém contratado e queria muito mostrar serviço. Eu revisava os dados de meus clientes todos os dias porque queria ser conhecido por saber tudo a respeito deles, de forma a impressioná-los ao ter suas informações na ponta da língua. Minha sorte foi que a magia me pegou ainda lendo o jornal, caso contrário eu teria perdido todas as minhas anotações. Mas ainda não cheguei neste ponto.

Como eu tinha muito que ler, eu sempre torcia para não ter ninguém sentado ao meu lado ou à minha frente para que eu pudesse ficar lendo em paz. Você tem alguma noção do quanto era difícil conseguir ler em paz num trem naquela época? Era só eu me sentar e abrir o jornal que a pessoa ao meu lado, ou à minha frente, puxava assunto. E com a maioria delas não adiantava tentar fingir que não ouvia, ou desconversar e voltar à leitura. As pessoas sempre queriam conversar.

Pois foi então com alegria que eu percebi que o trem saiu e ninguém havia se sentado ao meu lado. Abri meu jornal e comecei a ler, contente com minha solidão e meu silêncio.

– Quantas vezes vamos precisar ter esta discussão? Porque você não assume que minha magia é mais forte e pronto?

O tom era de uma mulher e me pegou completamente de surpresa. Eu estava tão entretido com meu jornal que não havia percebido aqueles dois sentando-se à minha frente, foi como se eles tivessem simplesmente surgido lá.

– Porque, minha cara, é óbvio que você está, mais uma vez, fazendo ouvidos moucos às minhas explicações.

O homem que falara estava vestido com um terno claro de três peças, completo com uma gravata amarela, que combinava com a armação dos óculos. Ele tinha cabelos curtos e arrumados, rosto bem barbeado, olhos azuis e um ar completamente intelectual.

A mulher a seu lado vestia um vestido extremamente provocante para a época, em tons de vermelho e laranja, seus longos cabelos ruivos e cacheados caiam soltos por suas costas e ombros e formavam um halo flamejante ao redor de sua cabeça. Ela tinha pele clara e perfeita e os mais impressionantes olhos dourados que eu já vira.

Apenas a visão dela, por si só já teria sido capaz de chamar completamente minha atenção. Ela era fascinante, parecia carregar consigo sua própria reserva de energia. Tive que piscar os olhos, pois em um primeiro momento, tive a impressão de que ela brilhava.

– Não é uma questão de explicações – ela voltou a falar, retomando a discussão – é uma questão de fatos. A Magia do Fogo é mais poderosa, não há dúvidas sobre isso.

– Minha cara – disse o homem, no tom de um professor que explica algo a um aluno particularmente teimoso – poder é um conceito absolutamente relativo. A magia do fogo lida com transformações, com alterações drásticas e, em sua maior parte, irreversíveis. Ela é excelente quando essas alterações são necessárias, mas fora isso, é praticamente inútil.

– Inútil??!! VOCÊ enlouqueceu?

A mulher subiu de tom em sua indignação e subitamente eu tive a sensação de que tudo ao redor ficou mais quente. Não seria a primeira vez que os reguladores de temperatura do trem apresentavam defeito.

– Minha cara, acalme-se. – Apaziguou o homem – Lembre-se dos efeitos de sua magia.

A mulher respirou fundo algumas vezes.

– Ok, eu me acalmo. Mas como você pode dizer que a capacidade de transformar é inútil?

Eu simplesmente não conseguia olhar mais para o jornal. Tinha que ser alguma brincadeira. Duas pessoas não podiam estar tendo este tipo de conversa. Não naquele trem. Tinha que ser alguma brincadeira. Ou então, eles deviam fazer parte de algum circo ou show de mágicas. Olhei ao redor, procurando sinais de outros membros ou qualquer coisa que elucidasse o mistério de tão estranhas palavras. Os demais passageiros pareciam completamente alheios ao que se passava. No outro lado do corredor, no banco equivalente ao homem, uma senhora gordinha de cara amarrada lia o seu jornal, absolutamente concentrada.

E o homem continuou falando:

– Eu não disse que a Magia do Fogo era inútil, disse apenas que ela só é útil em situações em que você precisa de alterações drásticas.

– Ah, ok – a mulher, retrucou em tom de desafio – e o que a Magia do Ar é capaz de fazer?

– O que ela não é capaz de fazer? Pense bem, minha cara, estamos cercados de ar por todos os lados. Neste mesmo momento, estamos respirando, estamos usando o ar para mover nossas cordas vocais, o ar nos permite ouvir esta conversa. Pense nisso, não estamos usando fogo aqui, mas o ar está em tudo, à nossa volta, nos cheiros que sentimos, no som que ouvimos, nesta conversa. Sem o ar sequer haveria esta discussão.

– Você está falando do ar, meu caro, – interrompeu a mulher – não da magia do ar. Eu concordo que tem ar por aqui…

E o que ela iria dizer eu não ouvi. Ela continuava mexendo os lábios, mas eu não ouvia nada. De repente percebi que eu não era capaz de ouvir absolutamente nada, nem um único som. Comecei a sentir o pânico se instalando e sem querer fiz, ou creio que ter feito um som.

A mulher apertou os olhos e cruzou os braços. O Homem sorriu e subitamente todos os sons voltaram com força total. Arfei de susto.

– Isso não teve a menor graça – disse ela em tom gelado – é assim que você pretende ganhar esta argumentação, calando meus argumentos?

– Ok, ok, perdões minha cara, eu apenas quis provar meu ponto.

O homem não parecia estar nem um pouco arrependido do que quer que tivesse feito. Eu devia ter perdido alguma parte do diálogo durante o tempo que fiquei sem ouvir. Talvez fosse hora de procurar um otorrino, se bem que esse súbito ataque de surdez era algo que eu jamais havia experimentado antes.

Tentei voltar ao jornal, afinal aquela discussão já estava absurda demais para meu gosto.

– Se você vai fazer isso de novo não vou perder meu tempo continuando esta conversa. – disse a mulher, ainda naquele tom ofendido.

– Não, minha cara, não farei, prometo. A questão é que acho que ficou claro para você a abrangência da magia do ar.

– Ah, é? E o que você vai fazer em uma batalha, deixar seus inimigos surdos? Porque não simplesmente queimá-los? Você tem noção, é claro, de o medo do fogo está implantado no inconsciente de todos os animais, não tem? Inclusive dos homens. Você tem noção do que uma barreira de fogo é capaz de fazer, não apenas como barreira física, mas como barreira psicológica?

– Tire o ar desta barreira e ela se apaga. – Argumentou o homem.

– Transforme o vácuo que ficou em um gás combustível e você tem uma explosão. – contra-atacou a mulher.

– Tire todo o ar ao redor e todos os seus inimigos serão incapacitados. – disse o homem.

– Ferva o sangue deles e o resultado é o mesmo. – rebateu a mulher.

– Mas minha cara, onde está a sutileza? Onde está a elegância? Como isso… – e o homem fez um gesto para meu jornal. De uma hora para outra, as páginas passaram todas, como se uma rajada de vento tivesse surgido do nada.

Eu simplesmente não podia acreditar na evidencia diante dos meus olhos. Devia haver outra explicação, é claro que devia, mas naquele momento, tudo o que minha mente conseguia pensar era em como uma rajada de vento podia ter aparecido dentro de um trem e vindo direto afetar meu jornal sem afetar nada mais. Mas minhas surpresas não acabaram aí.

– Magia de fogo também pode ser sutil – e a mulher estalou os dedos.

Meu jornal irrompeu em chamas e se consumiu completamente. Sem afetar minhas mãos, que o seguravam, ou minhas roupas.

Nada em minha vida havia me preparado para isso. Nada. Como todas as pessoas instruídas eu crescera com a firme ciência de que magia não existia, de que as pessoas não podiam fazer as coisas que tinham acabado de ser feitas diante de meus olhos.

– Ma…mas…como, como isso é possível? Quem são vocês? O que são vocês? – gaguejei assustado.

– Pronto, agora veja o que você fez, minha cara. – Disse o homem com ar preocupado – Você está bem, meu jovem, queimou as mãos?

– É claro que ele não queimou as mãos. – disse a mulher, agora zangada – Você acha que eu comecei meu treinamento ontem?

– Não é uma questão de treinamento – disse o homem tentando pegar minhas mãos – magia do fogo é muito imprevisível.

Ergui as mãos para mostrar que estava tudo bem.

– Não é uma questão do quão imprevisível ela é e sim da competência com qual é manipulada. – ela argumentou, com ar convencido – Viu? A pele nem ficou vermelha.

– Sua sorte é que eu coloquei uma ilusão na mente dos demais passageiros. – disse o homem, pela primeira vez alterado – Senão vários deles teriam se assustado com isso o que aconteceu.

Eu olhei em volta e nenhum dos demais passageiros parecia ter consciência de aquela não era uma viagem como as outras.

– Desnecessário, meu caro, a magia do fogo é tão rápida que a maioria das pessoas nem a vê acontecendo. – ela disse, ainda com ar convencido.

– Eu vi – resolvi dizer – mas ainda não acredito.

– É claro que você não acredita, meu caro companheiro de viagem – disse o homem, novamente em tom professoral – a maioria das pessoas comuns nem se dá conta quando algo mágico acontece à volta delas. E quando percebem, logo se cercam de justificativas racionais para explicar o que sua mente é fechada demais para admitir.

– Não ligue para ele, meu jovem – disse a mulher, com um meio sorriso nos lábios – ele sempre fica desse jeito porque a magia que ele faz nunca dá muito na vista.

– Ao contrário da sua, minha cara, que dá tanto na vista que precisamos limpar memórias o tempo todo para apagar os vestígios dela. – agora o homem parecia realmente zangado.

– Mas, vamos lá então, você é uma pessoa comum, certo? – a mulher me perguntou.
– É claro que eu sou uma pessoa comum, vocês não? – perguntei assustado.

– Não, meu jovem, como você pôde ver, somos magos. – Ela disse ainda com ar animado. – Eu sou uma maga do fogo, meu amigo nervoso aqui é um mago do ar.

– Não estou nervoso – disse o homem, visivelmente controlando-se – estou apenas tentando mostrar….ah, deixa prá lá.

– Não, deixar prá lá não, vamos pedir a opinião deste jovem. Você acompanhou nossa discussão desde o início, não acompanhou? – ela perguntou, no mesmo tom animado.

– Como não acompanharia – disse o homem – com você perdendo a calma…

– Ou você deixando todo mundo surdo. – ela completou.

– Foi você quem fez aquilo, mas como? – perguntei ainda mais assustado.

– Ou você queimando o jornal dele. – disse o homem, como se eu não tivesse dito nada.

– Eu não me importo com o jornal. – tentei, solícito.

– E você vai fazer o que? Comprar um jornal novo para ele? – ela perguntou em tom sarcástico – as cinzas estão aí, que tal transformar de volta? Ah, esqueci, a magia do ar não consegue fazer isso.

Por alguns momentos pareceu que o homem finalmente ia perder a cabeça, mas, de repente ele apenas sorriu e cruzou as mãos ao colo. A senhora gordinha que estava sentada do outro lado do corredor subitamente levantou-se e, sem dizer uma palavra, colocou seu jornal no meu colo, voltando a sentar-se.

– Ahn, não preciso de outro jornal. – eu disse, com voz fraca.

– É claro – disse a mulher cruzando os braços – você sempre apela para a manipulação das pessoas. A magia do ar não é a única capaz disso.

A senhora gordinha que estava sentada em silêncio, deu um gemido. Eu olhei para ela. Ela olhava para mim com um olhar que me fez gelar dos pés à cabeça. Erguendo as mãos, ela começou a desabotoar os botões da blusa que usava e levantou-se, vindo em minha direção. Antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, ela sentou-se em meu colo e tentou me beijar, enquanto pedia, no que parecia ser sua tentativa de fazer uma voz sexy:

– Por favor, por favor, posso ter meu jornal de volta?

Eu até que entregaria, aliás, entregaria de bom grado, mas ela estava sentada em cima dele.

– Muito bem, minha cara – disse o homem em tom seco – você acabou de demonstrar com louvor a nosso amigo que a magia do fogo também lida com a luxúria.

A mulher riu com uma risada que retinia como sinos. A senhora gordinha agora deslizava a mão pelo meu peito e aproximava-se de minha cintura.

– Eu entrego o jornal, diga a ela que eu entrego – pedi, apavorado.
Antes que eu fizesse qualquer coisa, a senhora levantou-se do meu colo, apanhou o jornal e usou-o para bater em meu rosto com toda a força.

– Seu pervertido. – ela gritou, indignada, saindo em disparada pelo corredor.

– E sim – disse o homem em tom frio – eu sei que a magia do fogo também controla a raiva.

Eu não me controlei, afinal, acabara de apanhar por causa de um crime que não cometera.

– Será que vocês podiam levar esta discussão lá para fora? – perguntei, enquanto massageava meu rosto dolorido. A mulher continuava rindo.

– Você tem razão, meu jovem, é hora de uma demonstração que fará com que você perceba que a magia do ar não é assim tão invisível.

O homem olhou para fora. Passávamos ao lado de uma construção, ainda parcialmente deserta àquela hora do dia. Ele fez um gesto e três tornados surgiram do nada em meio aos materiais, carregando areia e pequenos detritos a vários metros de altitude. Fiquei completamente sem fala.

– Mas, meu caro, disse a mulher, controlar o vento é o mínimo que se espera de um mago do ar. – disse a mulher, novamente séria.

– Aposto que isso vai sair nos jornais – disse o homem, animado mais uma vez.

A construção e os incríveis tornados ficaram para trás, passávamos ao lado de um pequeno bosque. A mulher olhou para fora.

– Quer ver uma notícia boa para os jornais? – e ela ergueu as mãos.

Desesperado, gritei:

– Não, pelo amor de Deus!

Os dois olharam para mim. Olhei a floresta que, felizmente, continuava intacta.

– Eu já entendi, já vi o que podem fazer, não precisam me mostrar mais nada. Não precisam mostrar nada para ninguém.

– Mas como você vai dar sua opinião se não tiver visto tudo o que podemos fazer? – e a mulher ergueu novamente as mãos.

Do lado do trem casas começavam a surgir.

– Não, por favor, não coloque fogo em nada, eu já entendi. – falei ainda assustado, meus olhos olhando para fora, a todo instante esperando ver tudo explodir em chamas.

– Veja o que você fez, minha cara – disse o homem – agora você assustou o garoto. Ele vai temer a magia para sempre.

– Não se preocupe, meu jovem, tenho pleno controle sobre minha magia. – disse ela em tom apaziguador.

– Ninguém tem pleno controle sobre a magia. – informou o homem.

– Ah, lá vamos nós de novo. – disse ela – Esta discussão é ainda mais velha do que a anterior.

– Porque vocês se odeiam tanto? – perguntei, minha voz ainda fraca de susto.

– Odiar, quem falou em odiar? – perguntou o homem.

– Somos os melhores amigos. – ela disse.

– Começamos nosso treinamento juntos. – ele continuou.

– E concluímos com louvor. – Ele terminou.

– Cada um em sua forma de magia. – ela ainda disse – Ele é o mago do ar mais competente que eu conheço.

– E ninguém se rivaliza com sua habilidade com o fogo, cara amiga. – disse o homem, olhando para ela.

– Você sempre bom com as palavras – ela sorriu sem jeito.

– Falando em palavras, creio que devemos ao nosso amigo um jornal – disse o homem.

– Não – disparei – não preciso de outro jornal, parei de ler jornal.

– Oh, sim, mas claro – ela disse. E num movimento, as cinzas que estavam espalhadas ao meu redor subiram e formaram novamente um jornal entre meus dedos. Um jornal em branco.

– Oh, desculpe – ela disse contrita – não sei o que estava escrito. A magia do fogo não é boa para recuperar idéias.

– Não se preocupe, minha cara – e o homem estalou os dedos. Frases começaram a aparecer nas folhas em branco. Bem, uma frase, repetida por toda a página.

– A magia do ar é a melhor. – li lentamente.

– Viu? Viu? Ele concorda! – disse o homem.

– Está escrito aqui…- comecei.

– Isso não tem graça – disse a mulher, fazendo beicinho – se quer ajudar devolva as palavras certas ao jornal dele. E lembre-se, de não fosse a magia do fogo, você não teria um jornal onde escrever isso.

– Tem razão, cara amiga, peço desculpas. – e num novo gesto, todas as matérias do jornal voltaram a seus devidos lugares.

– É aqui que descemos, meu jovem. Mil desculpas pelo inconveniente. – disse o homem, erguendo-se.

– Sim, meu jovem, perdoe-nos, algumas vezes nos deixamos levar em nossos debates. – ela disse, erguendo-se também.

O trem aproximava-se de uma estação. O homem dirigiu-se para a porta, mantendo a mão próxima às costas da mulher, como para ampará-la caso ela se desequilibrasse. Quando o trem parou, ele desceu primeiro e estendeu-lhe a mão. Caminharam de braços dados pela estação, aparentemente absortos em uma nova conversa.

Foi apenas quando cheguei em minha própria estação que percebi que não sabia sequer seus nomes.

Aquele foi meu único encontro com a magia. Pelos anos que se seguiram, inicialmente temi encontrar outra situação como aquela, depois, comecei a desejar. Cheguei a orar por isso. Pensei no que poderia ter sido. Pensei nas coisas que poderia ter perguntado, que poderia ter aprendido.

Mas algumas oportunidades só chegam uma vez na vida. Uma vez desperdiçadas, não voltam mais.

Talvez aquela tenha sido a minha chance de vislumbrar um outro mundo, repleto de possibilidades. Em minha ignorância, demonstrei apenas medo. E a magia foi embora de minha vida, para nunca mais voltar.

Ainda guardo aquele jornal. Nunca tive coragem de me desfazer dele. Está aqui comigo agora. Todas as notícias em seus devidos lugares. Com exceção da última linha, na última página, em que se vê escrito:

– A Magia do Ar ainda é a melhor!

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Naelyan Wyvern é a fundadora e Alta Sacerdotisa da Tradição Caminhos das Sombras.

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